segunda-feira , 25 novembro 2024
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Colunista da Folha de S.Paulo defende gestão compartilhada por OS nas escolas de Goiás e critica os “reacionários do progressismo”

O ativista Kim Kataguiri, que é colunista da Folha de S.Paulo e considerado um dos jovens mais influentes do mundo, escreve artigo em que defende o modelo de gestão compartilhada por Organização Social nas escolas.

O primeiro argumento dele é que com as OS cuidando da estrutura, os diretores podem dar atenção especial ao que realmente importa: estudantes e professores.

Kim lista experiências bem sucedidas no mundo e até no Brasil. Em Pernambuco, o modelo de OS á foi adotado e trouxe resultados positivos concretos.

“O fato é que o sistema de OSs não é tão novo no Brasil. Entre 2001 e 2011, o estado de Pernambuco recorreu a este modelo para administrar 20 escolas de ensino médio. Depois de experimentar diversas inovações administrativas e pedagógicas, o estado replicou as práticas mais bem sucedidas em toda a rede. O resultado: a taxa de desistência dos alunos do ensino médio despencou de 24,5% para apenas 3,5%”.

“Sim, a educação nacional está largada às traças. E essa história só vai mudar quando os reacionários do progressismo pararem de dizer “não” às mudanças que têm revolucionado o ensino”, finaliza o articulista.

Confira a íntegra do artigo: 

O reacionarismo progressista contra a educação

Vladimir Safatle escreveu na semana passada (19), nesta Folha, um artigo criticando um novo modelo de gestão de ensino que está sendo implementando em algumas escolas de Goiás. Trata-se das OS (Organizações Sociais), entidades privadas sem fins lucrativos contratadas pelo Estado para prestar serviços públicos.

No modelo, a escola pública recebe uma administração profissional, privada, enquanto as questões pedagógicas continuam a cargo do Estado. Na prática, o diretor da escola tem muito mais tempo para se dedicar ao que realmente importa: os alunos e os professores.

A medida aproxima-se bastante do chamado sistema de vouchers idealizado pelo economista e prêmio Nobel Milton Friedman. Com a diferença de que, no modelo do economista, as escolas são privadas e os mais pobres recebem bolsas para estudar na instituição que preferirem, ou seja, as famílias têm um maior poder de escolha.

Safatle afirma que, “a despeito dos modelos de privatização branca, os melhores sistemas do mundo são radicalmente públicos”. Pura baboseira. Todos os rankings indicam que as melhores universidades do mundo são privadas.

É claro que é possível que haja uma boa gestão em sistemas públicos. A questão é que, em comparação com a gestão privada, os incentivos para se oferecer um serviço de baixo custo e alta qualidade são muito menores. A Finlândia, que Safatle utiliza como exemplo, possui, sim, um sistema público bem gerido. Mas a administração das escolas de lá é muito mais parecida com as novas OSs do que o antigo e custoso sistema público brasileiro. Os resultados do sucesso finlandês são mérito de práticas que foram incorporadas da iniciativa privada.

Para começar, a educação fica a encargo dos municípios, o que significa que, diferente do Brasil, a gestão é completamente descentralizada. Em vez de terem um órgão federal, como o MEC, decidindo, de cima para baixo, as matérias e os materiais utilizados, os finlandeses têm escolas que são livres para criar seu próprio material de ensino. Além disso, há muito menos burocracia e cabides de emprego. Para se ter uma ideia, o Brasil possui 1,48 não professores para cada professor trabalhando na educação. Na média da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), cujos países, sem exceção, possuem índices de educação superiores aos do Brasil, este número é de 0,43. Isso significa 1,43 milhão de funcionários a mais no Brasil.

Outro ponto ignorado por Safatle é o de que o atual sistema público de ensino do Brasil aumenta a desigualdade. Isso porque as classes mais baixas, que proporcionalmente pagam mais impostos, não têm acesso às universidades públicas. Enquanto os mais pobres são vítimas da péssima qualidade das escolas públicas e, posteriormente, obrigados a pagar para estudar em faculdades privadas, os mais ricos estudam, durante os ensinos fundamental e médio, em escolas particulares que, apesar de oferecerem um serviço muito melhor, quase sempre apresentam um custo por aluno menor do que as escolas públicas.

Na prática, quem não tem condição de estudar em escola particular acaba pagando a universidade de quem tem. O sistema de vouchers ajuda a resolver este problema pois se trata de igualdade de oportunidades: ricos e pobres com acesso a escolas de qualidade.

Quando diz que “quando a sociedade civil se der conta, ela terá um serviço generalizado com professores precarizados” Safatle inventa um futuro conveniente para a sua tese e esquece a realidade do presente. Em nenhum país do mundo a implementação do sistema de vouchers culminou em um serviço generalizado ou na precarização dos professores. Por outro lado, nosso atual sistema de educação se encaixa perfeitamente na descrição do filósofo.

O fato é que o sistema de OSs não é tão novo no Brasil. Entre 2001 e 2011, o estado de Pernambuco recorreu a este modelo para administrar 20 escolas de ensino médio. Depois de experimentar diversas inovações administrativas e pedagógicas, o estado replicou as práticas mais bem sucedidas em toda a rede. O resultado: a taxa de desistência dos alunos do ensino médio despencou de 24,5% para apenas 3,5%.

Safatle também criticou o plano do governo goiano de passar a gestão de 24 escolas para a Polícia Militar. Assim como fez quanto às OSs, não apresentou nenhum argumento prático para justificar sua posição.

De acordo com o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), das 30 melhores escolas públicas do país, dez são militares. Detalhe importante: apenas escolas em áreas extremamente violentas adotam o modelo militar. A escola Fernando Pessoa, em Valparaíso (GO), por exemplo, teve uma professora sequestrada, um ex-aluno assassinado e havia se tornado reduto de traficantes de droga. Depois da adoção do novo modelo, a violência acabou, as notas aumentaram e o número de alunos praticamente dobrou.

O que se vê é que toda a repulsa de Safatle por inovações e avanços na área de educação não passa de puro ódio. Ódio à iniciativa privada, ódio à Polícia Militar, ódio à eficiência, ódio ao sucesso. A realidade mostra uma coisa, mas a paixão ideológica se nega a aceitar. Sim, a educação nacional está largada às traças. E essa história só vai mudar quando os reacionários do progressismo pararem de dizer “não” às mudanças que têm revolucionado o ensino.

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