sexta-feira , 29 novembro 2024
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Afonso Lopes: no PMDB de Goiás, existência de um comando constituído é apenas de ordem legal

O constante enfrentamento entre correntes distintas no PMDB de Goiás faz com que, desde 1998, a existência de um comando seja apenas de ordem legal. Na prática, ninguém manda em ninguém. Ou alguém acha que o atual presidente da legenda, Daniel Vilela, tem força para impor qualquer conduta ao prefeito de Goiânia, Iris Rezende, por exemplo?

Esta é a conclusão do jornalista Afonso Lopes, que em mais um brilhante artigo publicado no jornal Opção desta semana, alerta para o premente risco de derrota que o PMDB corre, na eleição para governador em 2018, caso não consiga suplantar de forma mínima a quizumba que faz do PMDB uma verdadeira “torre de Babel”.

Abaixo, a íntegra do artigo.

PMDB precisa se organizar, mas “torre de Babel” continua

Enquanto as forças do governo vão se acomodando internamente, embora com nítidas disputas por espaço entre os partidos, o principal partido oposicionista no Estado permanece em seu velho dilema

Se existe uma fórmula pronta e acabada para um futuro insucesso eleitoral, provavelmente a desordem interna é item obrigatório. É a partir da harmonização das lideranças que se forma verdadeiramente um conjunto, que possa se estender da cúpula para as bases. Se os desentendimentos acontecem no andar superior, como as instâncias inferiores vão conseguir unidade? Não tem jeito. A liga que une a massa partidária precisa ser fornecida pelas cúpulas.

Esse é o velho e eterno dilema do PMDB em Goiás. O partido é muito desorganizado, sem hierarquização. O resultado é que existem muitos idiomas diferentes, e maioria das vezes até mesmo antagônicos, constituindo uma autêntica “torre de Babel”. É como se cada corrente interna fosse uma célula completamente independente, com vida própria idem. Até que existe um comando, mas ele funciona muito mais como consequência da exigência legal, e não como eixo principal promotor das ações do partido como um todo.

ELEIÇÃO
O PMDB precisa urgentemente começar a se organizar internamente para ter maiores chances de disputar o governo do Estado. Da forma como está, mais uma vez, independentemente de quem será candidato pelo partido, o racha será percebido na campanha eleitoral. Como vem ocorrendo desde 1998, quando os iristas promoveram o atropelamento da candidatura natural do então governador Maguito Vilela à reeleição.

Com a derrota, o PMDB de Iris acusou o grupo maguitista de ter cruzado os braços. E assim vem acontecendo desde esse tempo, não importando se o candidato era um ou o outro. Metade do partido ficava à margem da disputa pelo governo, concentrando esforços somente em seus próprios candidatos aos demais cargos, especialmente para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados.

Isso vai se repetir em 2018? Pelo andar da carruagem, vai ser como dantes. Se não unir agora, como é que se vai conseguir união no meio da disputa? Isso é absolutamente impossível. E o principal efeito colateral desse tipo de situação é faltar fôlego partidário para o candidato. Aliás, quem será esse candidato? O meio campo peemedebista está tão embaçado como estava há um ano. Não evoluiu nada. Ou talvez tenha até piorado de certa forma.

Há uma certa ameaça de radicalização nos discursos e nos posicionamentos internos. O discurso do senador Ronaldo Caiado, em Rio Verde, que agradou quem o apoia ao dizer que o candidato do PMDB será, entre ele próprio e o deputado federal Daniel Vilela, aquele que tiver melhores condições para a eleição, mereceu um duríssimo petardo de ninguém menos que Maguito Vilela, principal líder do grupo que detém o comando no Estado. Caiado percebeu que seria melhor ouvir calado, pelo menos naquele momento, do que responder, mesmo que de maneira amena e elegante, e receber mais uma saraivada maguitista — o que faria o caldo entornar de vez.

Não se sabe se o presidente regional do DEM foi aconselhado pelo prefeito Iris Rezende para ignorar o ataque de Maguito, mas é exatamente assim que o velho líder peemedebista tem agido. Sempre que a imprensa tenta colocar o assunto eleição em pauta, Iris escapa do cerco e adia o tema 2018 para o ano que vem. Com isso, ele evita qualquer tipo de choque interno, que ele sabe que seria desencadeado imediatamente a partir de uma manifestação dele, qualquer que fosse ela.

Apesar da aparente calmaria — a pancada maguitista contra Caiado foi considerada como o tal ponto fora da curva — o PMDB vai ter as mesmas dificuldades de sempre para cruzar o campo minado da eleição com um trabalho perfeitamente sintonizado. É uma situação exatamente oposta à dos adversários governistas. A base também tem choques, mas não falta a voz de comando, o maestro a dar o tom interno da música.

Em entrevista ao jornal “O Popular”, edição de sexta-feira, 18, Marconi Perillo admitiu que um ou outro partido talvez não permaneça dentro do projeto político-administrativo do grupo, mas ele fará tudo o que for possível para manter uma grande união. Marconi disse que haverá oito cargos para as eleições majoritárias, sendo quatro titulares e quatro suplências. É suficiente para acomodar praticamente a base aliada estadual completa. O PMDB também terá oito cargos. O problema é que entre os peemedebistas, apenas um cargo interessa, a de candidato a governador.

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