O ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide (PT), que está em campanha para ser candidato a vice-governador na chapa de Daniel Vilela (MDB), sofreu revés nesta semana. A Justiça bloqueou bens e valores dele e do sucessor, João Gomes (na época PT, hoje PSDB), na ordem de R$ 1,6 milhão.
Os dois estão sendo responsabilizados por desperdício de dinheiro público na obra de reforma e ampliação da Câmara Municipal de Anápolis. Gomide contratou a empresa Pharcons para o projeto arquitetônico e a Albenge para execução da obra, mas apesar do R$ 1 milhão gasto, o resultado foi péssimo.
Conforme apurou o Ministério Público, o projeto arquitetônico e o projeto estrutural da obra continham graves erros de engenharia e incompatibilidades que prejudicaram a regular execução da obra e levaram à paralisação do empreendimento. Entre os problemas detectados na realização da construção está, por exemplo, a edificação do pé-direito com altura muito abaixo da permitida pelas normas legais e que inviabiliza, inclusive, a ocupação e utilização de parte do prédio. O pé-direito efetivo na obra ficou em 2,10 metros, quando o recomendado pelas normas técnicas é de 2,25 metros.
A ação enumera ainda outras falhas constatadas na execução do serviço: realização de furos irregulares nas vigas de concreto para colocação da instalação hidrossanitária; ausência de implementação de sistema de impermeabilização para proteção contra umidade do solo; falhas na montagem das armaduras, a ponto de se expor as ferragens na parede externa que circunda parte do prédio; a presença de nichos de concretagem que prejudicam a durabilidade das estruturas e a existência de fissuras na alvenaria decorrentes de provável movimentação estrutural.
Todos esses problemas acumulados, pondera o promotor, acabaram por impedir o prosseguimento da obra, que está parada há mais um ano e seis meses, ficando o prédio onde funcionava a Câmara Municipal abandonado. A ação relata ainda que toda esta situação obrigou a Casa Legislativa a transferir suas atividades para cinco prédios improvisados, que tiveram que ser alugados com gasto de recursos públicos que poderiam ser poupados caso a sede do órgão tivesse sido terminada no prazo contratual estabelecido.