A reportagem da Folha de S.Paulo deste sábado (26) sobre o truque que o governo federal está fazendo para agradar governadores aliados com a decretação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) está cheia de novidades escandalosas. No caso de Goiás, a matéria confirma que a supersecretária e primeira-ministra carioca Cristiane Schmidt (Economia) quer incluir a folha de dezembro na dívida consolidada do Estado, o que garantiria a decretação de intervenção federal.
A manobra abre caminho para que o governador Ronaldo Caiado (DEM) pague os salários atrasados quando bem entender – quem sabe até nunca mais. A conta é simples: para aderira ao RRF, o Estado precisa que sua dívida consolidada bruta supere a receita corrente líquida. Atualmente, a arrecadação supera a dívida em R$ 1 bilhão. Schmidt quer incluir na dívida R$ 1,6 bilhão da folha e da dívida com fornecedores. Só que aí vem o pulo do gato: ao reconhecer esses valores como dívidas, o Estado fica autorizado a negociá-los para pagar quando e como puder.
É um baita golpe em curso contra os servidores. Neste caso, a administração caiadista não ficaria obrigada nem mesmo a honrar a proposta de pagamento de dezembro em cinco etapas, de março a julho – lembrando que as associações e sindicatos rejeitaram a proposta e se reúnem em assembleia geral na segunda-feira (28) para deliberar sobre a greve. De toda forma, a matéria da Folha já traz o título da novela dos salários: Era Uma Vez Dezembro.
