O desastroso primeiro mês de Ronaldo Caiado (DEM) à frente do Governo de Goiás trouxe à tona a inevitável comparação com a estreia de Marconi Perillo no Palácio das Esmeraldas, em janeiro de 1999. A diferença é de fato gritante: após a vitória histórica e sem precedentes sobre Iris Rezende (MDB), em segundo turno e sem transição entre as gestões, Marconi fez de seus primeiros 30 dias de mandato uma sucessão de boas notícias e medidas impactantes, lançando as bases de inovações de governo que se transformaram em conquistas que perduram até os dias atuais.
A primeira providência de Marconi foi regularizar a folha de pagamento do funcionalismo e acabar com o chamado “rancho” para os policiais, pagando em dinheiro as cestas básicas compradas com desconto em folha. No primeiro mês foram tomadas as providências legais para a criação da Bolsa Universitária, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) e do Salário Escola, que se tornaram referência para o Brasil.
Na Educação, janeiro foi marcado pela pioneira implantação da matrícula informatizada na rede estadual de ensino, que acabou com as imensas e degradantes filas de pais para garantir vagas para os filhos nas escolas. Ainda em janeiro Marconi também criou a estrutura legal e administrativa para permitir a aquisição da merenda escolar pelas próprias escolas, uma demanda histórica da comunidade que revolucionou a qualidade da alimentação dos estudantes da rede.
Na Saúde, Marconi começou a preparar a reabertura o Hospital Geral de Goiânia (HGG), construído pelo governador Henrique Santillo e que acabou fechado como resultado da incompetência dos governos do MDB. Também nos primeiros 30 dias de governo, o tucano estruturou toda a rede do Programa Saúde da Família, criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) para reforçar a prevenção à saúde – nos anos seguintes, o PSF goiano reduziria drasticamente, por exemplo, a mortalidade infantil em todo o Estado.
Na Segurança Pública, o mês de janeiro foi marcado por uma extensa agenda de pactuação de metas e prioridades com as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Marconi participou ativamente dos debates, discutindo as bases dos planos de carreira e de melhoria das condições de trabalho que colocariam, pouco tempo depois, as forças de segurança de Goiás entre as mais bem remuneradas, valorizadas e equipadas do Brasil. Com Marconi, as polícias do Estado sempre estiveram entre as três mais bem remuneradas do país.
As medidas de janeiro foram fundamentais para a modernização da máquina pública. Começaram no primeiro mês os estudos que levariam a uma grande reforma da estrutura de governo, com criação de agências, empresas e autarquias com corpo técnico qualificado e com expertise na captação de recursos federais. Foi criada, por exemplo, a Goiás Fomento, instituição de crédito que substituiu o Banco do Estado de Goiás (BEG).
Na infraestrutura, Marconi criou em janeiro o Programa Asfalto Novo, que recuperou e ampliou a malha viária do Estado, entregue completamente destruída. No plano federal, atuou para garantir o pagamento das compensações financeiras da criação do Estado do Tocantins, 10 anos antes. Os recursos foram aplicados na modernização da máquina administrativa e na recuperação fiscal do Estado, abrindo caminho para que Goiás se tornasse, em 2002, a primeira unidade da federação a completar o ajuste de suas contas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Se, por um lado, Marconi apresentou os problemas herdados dos governos do MDB, em consonância com o forte sentimento de renovação que fundamentou sua vitória histórica, por outro o jovem governador arregaçou as mangas e construiu uma agenda de inovações e medidas que, na prática, pautaram toda a chamada era marconista. Foi essa visão inovadora e progressista que prevaleceu.
Dos primeiros 30 dias de Caiado ficam o bate-cabeça entre governador e auxiliares, os inúmeros pacotes de maldades (cada dia surge um novo) e o enfadonho mantra da terra arrasada, que faz parecer que ele ainda está em campanha eleitoral. Os primeiros 30 dias de Marconi foram para cima, de novidades, de otimismo. A reclamação, o ódio e o sentimento de inferioridade, no outro extremo, deram o tom da estreia de Caiado. E o pior de tudo é que fevereiro já começou o blá-blá-blá continua.