segunda-feira , 25 novembro 2024
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Eduardo Horácio: “Governo Caiado, 100 dias, ainda derrapa sem planejamento e muito improviso”

Veja análise do jornalista Eduardo Horácio, publicada no blog Poder Goiás: “A imagem de um governo improvisado fica latente quando as ações do governador Ronaldo Caiado (DEM) são analisadas nesses 100 primeiros dias de mandato. Praticamente ninguém no governo fala minimamente de planejamento – e nem se cobra aqui algo a longo prazo. As ações pequenas do cotidiano também reforçam isso. Lista de desejos é diferente de planejamento. Na lista de desejos cabe tudo. Nada simboliza mais o improviso do que o gogó sem fim e contraditório em cima do pagamento da folha atrasada de dezembro.

Atrasar o pagamento do salário, em si, não é novidade em Goiás. Os últimos quatro governadores já atrasaram, por motivos diversos. A novidade, no caso do governo de Caiado, foi, durante quase 90 dias, a falta de um cronograma confiável, certeiro, cheio de promessas e recuos. O governo não deveria nunca anunciar uma data de pagamento sem ter 100% de certeza que vai cumpri-la, mas fez isso mais de uma vez. Se não tem certeza, melhor seria ficar calado. Adiar datas ou, faltando uma semana para a data, a secretária da Fazenda dizer que só vai poder pagar se tiver dinheiro no caixa acabou sendo uma brincadeira de mau gosto com a cabeça do servidor público, jogando fora toda a confiança que o governador ganhou dele nas urnas. Não se tem notícia, na história recente de Goiás, de um governador que tenha tido tanta desenvoltura para queimar seu capital político como o atual.

Do mesmo vale para outras áreas do Governo. Para o Festival Internacional de Cinema Ambiental ocorrer na Cidade de Goiás na semana do meio ambiente, todo mundo sabe que há datas a serem cumpridas. A começar do edital. Mais do que ter dinheiro para fazer o festival (e é possível fazê-lo com muito pouco, sem o desperdício de antes), é preciso planejamento, o que até agora não existe.

Qual a necessidade de se desligar radares móveis das rodovias, aumentando o número de acidentes e mortes? Impulso irresistível? A medida foi tomada sem nenhum estudo anterior, sem nenhuma análise, sem planejamento algum, e já causa mais acidentes nas estradas. Numa mesma semana falar no (difícil) VLT no Eixo Anhanguera e, depois, falar em entregar a operação do Eixo para a Prefeitura de Goiânia demonstra tudo, menos planejamento.

A ação de vender dois carros para arrecadar dinheiro para uma unidade hospitalar também é outro exemplo de um governo que não se planeja na realidade e vive na ilusão de que a boa vontade política é a solução para todas as coisas. O Hospital Materno Infantil segue do mesmo jeito que está, sem solução, e o dinheiro arrecadado com a venda dos dois carros não cobre nem 0,5% do custeio dele.

Ter uma secretaria específica para o Planejamento não resolve nada, mas é igualmente sintomático que o governo Caiado seja o primeiro da história de Goiás a não tê-la, preferindo copiar a União e fundir Planejamento e Fazenda numa só pasta, a da Economia. Tudo para agradar o ministro Paulo Guedes.

Talvez o início de uma mudança seja repensar esse modelo de Planejamento e Fazenda em uma só pasta. A única certeza é que qualquer governo, em pleno 2019, não pode mais ser tocado na base da intuição e do improviso.