As comprometedoras citações do procurador Hélio Telho, do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), nos vazamentos da Operação Lava Jato foram destaque no portal UOL e no jornal Folha de S.Paulo, que os publicaram, foram replicados por outros veículos mas não mereceram nenhuma menção nos veículos do Grupo Jaime Câmara.
Mais grave é o fato de o jornal O Popular e a CBN Goiânia terem ignorado os fatos de forma solene, como se nada tivesse existido. Independente do teor de qualquer conteúdo, a simples menção de um membro do Ministério Público nos vazamentos já é notícia: o bom jornalismo assume a tarefa de informar aos goianos que um procurador do Estado está entre os personagens do maior escândalo da história da instituição.
Mais grave ainda é a relevância do conteúdo ignorado: nos vazamentos, Telho surge como colaborador de parlamentares de oposição que assumiram a tarefa de combater adversários políticos – deles próprios e dos promotores. Em Goiás, Telho se notabilizou pela fiscalização implacável da vida pública do ex-governador Marconi. Ele foi um dos responsáveis pela operação de busca e apreensão durante a campanha eleitoral do ano passado.
No mundo político, jurídico e jornalístico, sabe-se também que Telho é fonte de muitos repórteres e veículos de imprensa. Sua atuação é seletiva: procura sempre o melhor lugar para cada história, mas sua preferência é pela liderança e pelo prestígio dos veículos do Grupo Jaime Câmara nos diferentes segmentos da mídia.
Ao ignorar o caso, o Popular parece apostar na relação com sua privilegiada fonte anti-Marconi, posicionamento que explica muitos episódios pretéritos envolvendo a relação entre os veículos do grupo e o MPG-GO na promoção do noticiário negativo contra Marconi.
