quinta-feira , 2 maio 2024
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Ao agredir Sandro Mabel, governador respalda revista ISTOÉ, que o considerou o “coronel de Goiás”, diz Cláudio Meirelles

Em artigo publicado na página que mantém na internet, o deputado Cláudio Meirelles (PTC) assinala que, ao repreender Sandro Mabel utilizando-se de palavras ofensivas à sua honra e à sua moral – “mercenário, canalha e desumano”- , o governador Ronaldo Caiado (DEM) deu mais uma demonstração do seu despreparo para ocupar a função de chefe do poder executivo do Estado.

Segundo Meirelles, um governador precisa ser conciliador, precisa estar aberto às discussões e a troca de ideias. “O governador tem o dever de ouvir os cidadãos mesmo deles discordando”, anotou.

E sublinhou: “Ao protagonizar essa triste cena de baixaria em sua rede social, Caiado apenas respaldou a recente crítica feita pela revista ISTOÉ ao seu modo de agir no cargo de governador. Recentemente a revista de circulação nacional, ao criticar Caiado por perseguir jornalistas que criticam o seu governo, o considerou o novo ‘Coronel” de Goiás’, por estar reeditando as práticas de seus antepassados que comandaram o Estado com mão de ferro”.

Leia a íntegra do artigo de Cláudio Meirelles:

A dois dias da chegada dos brasileiros da China na Base Aérea de Anápolis, onde permanecerão em quarentena até que se descarte a possibilidade de alguns deles ter contraído o Coronavírus, o empresário Sandro Mabel, presidente da Fieg, soltou nota à imprensa para manifestar sua preocupação com a repercussão que este fato pode ter.
Na nota, Mabel lembra o trauma ocorrido em 1987 por ocasião do acidente com o Césio 137 e diz que alguns anapolinos já manifestaram apreensão com a chegada dos 34 brasileiros que estão em Anápolis sob supervisão médica.
Ele entende que Goiás pode ser prejudicado com a discriminação, o que causaria impacto no turismo, nos negócios, com queda na produção e comercialização de produtos.
Por fim, considera o episódio um desastre para o Estado, segundo ele, “que pode vir a sofrer segregação do que aqui é produzido, afetando a exportação de industrializados e carne, por exemplo”.
Com sangue nos olhos, o governador Ronaldo Caiado rangeu os dentes e, destilando todos os seus peculiares ódio e rancor característicos ao se referir a alguém que não concorde com seu governo ou suas ações, literalmente soltou os cachorros para cima de Mabel através de sua conta no twiter. Em uma curta mensagem, ao discordar do presidente da Fieg e com o objetivo de jogar a população contra o empresário, disse que a declaração de Mabel, para ele “um mercenário, canalha e desumano”, chocou o Estado.
O destempero do governador com a ríspida resposta, muitíssimo aquém do protocolo que um homem público que ocupa cargo tão relevante na hierarquia política de um Estado deve observar, não deixou dúvida. Caiado não perdoa Mabel por ter levantado a bandeira contra a reforma dos programas de isenções e benefícios fiscais que o governador fez aprovar na Assembleia Legislativa.
Ainda magoado porque Mabel denunciou os equívocos da reforma e suas consequências para a economia de Goiás, o governador aproveitou mais essa crítica do empresário a uma ação de seu governo, para radicalizar no confronto de ideias.
Assim como Mabel tem todo o direito de se posicionar sobre a questão da quarentena em Anápolis, o fazendo como cidadão ou empresário, o governador também tem. A diferença só está na força das palavras de um e de outro. Era preciso que Caiado fosse tão agressivo para responder a uma opinião?
Eu posso não concordar com a preocupação de Mabel, mas tenho a obrigação de respeitar o seu direito de se manifestar. Do governador do Estado, espera-se equilíbrio emocional, educação, sensatez ao ocupar as redes sociais ou ao falar com a imprensa.
Sandro Mabel em nenhum momento de sua nota foi desrespeitoso com o governador. Apenas expressou seus sentimentos que, são legítimos. Afinal, se a China, País altamente desenvolvimento tecnologicamente, uma das três potenciais mundiais na produção industrial, que construiu um hospital em apenas dez dias e que dispõe de recursos para financiar as mais caras pesquisas, ainda não conseguiu frear a expansão do Coronavírus, o que aconteceria conosco se uma tragédia das dimensões do Césio ocorresse em Goiás?
Mabel pode ter exagerado na sua preocupação porque é sabido que se criou um aparato de segurança muito rígido para impedir que alguém saia da base sem a certeza de estar imune à doença. Mas, qualquer pessoa tem a obrigação de respeitar a sua opinião.
Trata-se do posicionamento do presidente de uma entidade que gera a maior parte dos impostos arrecadados pelo Estado e o maior número de empregos com carteira assinada no mercado de trabalho. Este cidadão, portanto, tem legitimidade para entrar no debate de um assunto de tamanha importância.
Ao repreender Sandro Mabel utilizando-se de palavras ofensivas à sua honra e à sua moral, o governador deu mais uma demonstração do seu despreparo para ocupar a função de chefe do poder executivo do Estado. Um governador precisa ser conciliador, precisa estar aberto às discussões e a troca de ideias. Governador tem o dever de ouvir os cidadãos mesmo deles discordando.
Ao protagonizar essa triste cena de baixaria em sua rede social, Caiado apenas respaldou a recente crítica feita pela revista “Isto É” ao seu modo de agir no cargo de governador. Recentemente a revista de circulação nacional, ao criticar Caiado por perseguir jornalistas que criticam o seu governo, o considerou o novo “Coronel” de Goiás, por estar reeditando as práticas de seus antepassados que comandaram o Estado com mão de ferro.
O despreparo do governador é tamanho que, ao propor digladiar-se com Mabel ele não percebe que está estendendo a briga para milhares de outros goianos e goianas. É claro que muitas outras pessoas pensam como Mabel em relação a essa questão da quarentena. Então, ao tachar Mabel com palavras agressivas só porque ele discorda de sua ação, o governador está agredindo com a mesma intensidade e ódio, muitas outras pessoas deste Estado.
Portanto, repito aqui ser lamentável termos um governador que se exaspera por qualquer motivo e que não meça suas palavras para discordar de um posicionamento critico ao seu governo ou a alguma de suas ações.
Caiado, o ditador de Goiás, não é só um péssimo gestor. É também um senhor mal educado e grosseiro com as palavras.