Entender o sucesso de um cantor como Gusttavo Lima é algo complicado e, muitas vezes, vai muito além da música, comenta o colunista do UOL, Leo Dias.
Segundo ele, Gusttavo é um desses casos e representa hoje no Brasil o que o homem comum almeja em ser e que a mulher brasileira quer ter. O ser e o ter são fundamentais na escolha de um ídolo.
O Brasil acompanhou a vida do Gusttavo desde o estouro, em 2011, aos 21 anos, magrelo, de origem bem humilde, com o hit “Balada”, o tal “Tcherere tchê tchê”. Mudou a vida do rapaz. Fama e dinheiro, num piscar de olhos. Mas, de repente, tudo mudou. Em 2014, ele decide romper contrato com o escritório que o agenciava. Como sempre acontece, o contrato era bem amarrado e ele perdeu uma fortuna para pagar a multa contratual. Era como se ele estivesse começando do zero.
Aos poucos ele foi montando um império e percebendo que o homem do campo, do interior do Brasil, se espelhava nele. E, de fato, é. O Brasil viu Gusttavo construir uma família digna de comercial de margarina, viu as dores do rapaz com as perdas na família. E a identificação só aumentava.
Aos poucos, ele, sabiamente, mudou o repertório. O homem solteiro e mulherengo virou um cara casado e comprometido com a criação dos filhos. Atingiu em cheio todas as mulheres. Hoje no Brasil não há nenhuma figura pública que seja o modelo do verdadeiro brasileiro como Gusttavo.
Eu, Leo Dias, já estive na sede de seu escritório em Goiânia. É algo surreal. Ele controla através de diversos monitores as rádios que estão tocando suas músicas naquele exato momento. Uma estrutura de mega star, que, de fato, ele é. Gusttavo não tem medo de nada, nem de ninguém.
Deu as costas para a Som Livre, entrou para a Sony Music com ares de rei, absolutamente ciente das consequências da mudança. Virou persona non grata na Globo. Não pode mais ser convidado por nenhum programa e, pior, o festival sertanejo da Som Livre, o Festeja, decidiu voltar sua artilharia contra ele. Ele anunciava uma nova data de show, lá ia o Festeja e marcava show no mesmo dia e na mesma cidade. Tadinhos. Eles só fizeram com que Gusttavo crescesse mais e mais.
Hoje no Brasil não há concorrência à altura de Gusttavo Lima, não há uma figura semelhante, como uma imagem tão boa junto ao público.
Mas, é preciso falar de seus shows. São longas três, às vezes quatro horas de espetáculo.O figurino é um capítulo à parte. Parece que ele vai casar. E o público entende aquilo como um respeito dele ao evento. E, de fato, é. Ele sai do palco bêbado, de tanto uísque.
