Na sexta-feira (24), o comandante Geral da Polícia Militar, coronel Renato Brum, desativou o Gabinete Militar da Câmara Municipal de Goiânia e transferiu todos os policiais que lá trabalhavam. A justificativa apresentada seria de reestruturação de unidades na corporação. No entanto, o blog apurou que a medida é uma retaliação às palavras ofensivas do vereador Clécio Alves (MDB) contra a PM. Coronel Brum não teria consultado o governador Ronaldo Caiado para tomar a decisão, o que vem gerando um desgaste entre eles.
A crise acabou praticamente todos os vereadores do mesmo lado. Base e oposição exigem de Caiado a volta da Polícia Militar à Câmara e isso tem provocado enorme desgaste político ao governador. Caiado tem evitado se reunir com os vereadores e sabe que a situação é delicada. Só no mês de abril, a Câmara Municipal doou mais de R$ 10 milhões ao Executivo para o combate ao coronavírus e o governador sabe que a parceria pode ser abalada.
Na próxima semana, está prevista a volta das sessões ordinárias na Câmara de Goiânia e vários vereadores prometem usar a tribuna para cobrar um posicionamento de Ronaldo Caiado. E não deve parar por aí. Outras retaliações devem acontecer. O blog segue acompanhando essa situação.
Entenda o caso
Durante a última sessão na Câmara Municipal de Goiânia o clima esquentou. O presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), determinou que o plenário fosse esvaziado. A Polícia Militar entrou em ação e na tentativa de retirar o filho do vereador Clécio Alves (MDB) foi duramente criticada pelo parlamentar, “Ô Polícia, volta ele, agora! Prender meu filho aí? Você está ficando é doido! Eu sou vice-presidente dessa Casa, tenho cinco mandatos de vereador. Quando fui presidente aqui, eu mandei a Polícia de volta para o quartel. A Câmara não precisa de Polícia! Agora se metesse a algema no meu filho, eu ia apanhar igual cachorro, mas ia ter que bater em mim também”, e ainda ameaça os policiais, “depois aguenta as consequências”.
Os vereadores Cabo Senna (Patriota) e Sargento Novandir (Podemos) vieram em defesa dos colegas de farda e exigiram respeito, afirmando que a determinação do presidente da Casa havia sido cumprida e só no momento da retirada do filho (Luan) do vereador Clécio Alves é que foi informado que o Luan poderia permanecer no plenário. Os vereadores Militares pediram para que o emedebista se retratasse. Porém, ao contrário disso, Clécio fez graves acusações contra os Policiais, “querer dizer que foi tirar meu filho ali de forma educada, torcendo o braço dele pra trás que daqui eu vi, dois policiais, até quase rasgaram o paletó do rapaz. Não aceito e meu filho não é bandido”.
O vereador Anselmo Pereira (MDB), decano da Casa, ficou contra o colega de partido e também veio em defesa dos militares. No entanto, Clécio Alves estava irredutível, e ainda emendou, “quando fui presidente eu devolvi tudo que era polícia daqui.” As ameaças foram concretizada e os PMs foram transferidos.
Depois dessa fala, houve uma calorosa discussão, entre Clécio Alves e Cabo Senna em que o militar exigiu que as imagens das câmeras de segurança fossem disponibilizadas para provar que o Clécio Alves mentiu ao acusar os policiais de agressão. Alguns vereadores que estavam próximos e acompanharam o acontecido, afirmaram que em nenhum momento houve agressão e que os policiais foram bastante educados. Luan também teria dito antes de deixar o plenário que não havia sido agredido.