“Foi no dia 4 de novembro de 1973 a minha estreia como colunista social do jornal “O Popular”. Como? Substituindo o papa da época, Lourival Batista Pereira, o LBP? Não, conta outra… mas era verdade. Não é Domiciano de Faria (+), Hélio Rocha, Lorimá Dionízio Gualberto (Mazinho)? Sob o beneplácito de Célia Câmara, a madrinha que construí ao longo de meus poucos anos até então vividos. Da convivência na redação do jornal e em sua galeria de arte Casa Grande, ela aprovou meu nome levado pelo diretor Domiciano.
Foi um auê na sociedade de então. Eu iniciava ali naquela data a carreira de 26 anos diariamente escrevendo a história da gente, festas, acontecimentos, posses, aplausos, alegrias e tristezas da sociedade goiana. LBP já tinha substituto que lutou muito para ser à altura do até então prestigiado e cultuado papa do colunismo social.
A colunista Maria José reinava ao lado e foi uma grande colega. Eclético, consegui unir os eventos sociais e artísticos-culturais no festival de MPB que fez história, o Comunica-Som, nas décadas de 1970-80. Época em que trouxe a Goiânia os maiores nomes do show business brasileiro como Elis e Simonal, Chico, Caetano, Bethânia, Benjor, Roberto e muitos da jovem guarda, Chico Anysio, Jô Soares, Golias, Vandré, apresentando bailes de debutantes e destacando o melhor da sociedade nas colunas do “Popular”.
Os anos dourados da sociedade foram vividos e massageados no ego das famílias mais queridas e tradicionais. Goiânia crescia, governos vinham e iam, enfim, aparecer nas fotos ou em notas, mesmo que esparsas, era sempre um privilégio. Assim caminhava a sociedade. Poucos se atreviam a vislumbrar o futuro que virou a capital e o próprio estado, que saia das fazendas e do gado para a potência que é hoje o agronegócio. Aquela juventude construiu tudo isso e suas famílias se multiplicaram.
Testemunhamos tudo isso. Hoje, passados 46 anos e meio, encerramos o ciclo da coluna social mais longeva de todas, agradecendo aos diretores do fantástico Grupo Jaime Câmara, e a todos do jornal O Popular. Pela oportunidade, aprendizado, convivência e respeito mútuo. Saio feliz e na certeza de que fiz minha parte. Olho para trás e sinto orgulho dos colegas dessas quase cinco décadas. A sociedade devorava e se deliciava com as colunas sociais e culturais daqueles momentos. Desde o “Caderno 2” ao “Magazine”. Agora, o adeus mas sem pendurar a chuteira. Se o passado serviu, o presente continua a ser olhado com olhos para o futuro. E é lá que a gente poderá se encontrar de novo. Que Deus nos guie.
Arthur Rezende”