Cileide pergunta: “será que Caiado vai dar conta de fazer a manutenção das rodovias?” A resposta é NÃO!
Veja a íntegra do artigo de Cileide Alves publicado no Popular neste sábado:
“A realidade bate à porta do governo
O deputado federal José Nelto (Podemos) passou um susto na quarta-feira (6), quando trafegava pela GO-070. O carro em que viajava caiu em um buraco entre Itapirapuã e a cidade de Goiás. Além do sobressalto, o deputado perdeu a roda do carro e precisou de socorro do guincho. Quem conhece as estradas goianas sabe que a experiência do parlamentar não chega a ser um caso isolado e que a falta de manutenção desta rodovia seja uma exceção.
Partiu do Tribunal de Contas do Estado (TCE) o último retrato sobre o estado de tráfego das GOs. De acordo com relatório divulgado quinta-feira, somam 768 quilômetros os 16 trechos com mais de 50% do asfalto comprometido por buracos. Apenas 98 trechos foram fiscalizados, equivalentes a 40% da malha rodoviária sob responsabilidade do governo estadual. O estudo revela que 25% daqueles que passaram por investigação apresentaram defeitos que trazem risco à segurança dos usuários por conta de afundamentos, erosões, deslizamento de terra, além dos buracos.
Em tese, esses dados têm o selo de qualidade de um tribunal, mas eles também vêm acompanhados de um selo político. O supervisor da vistoria e responsável pela divulgação do relatório é o pai do vice-governador Lincoln Tejota, o conselheiro Sebastião Tejota. Portanto, sua divulgação, indica que a realidade da gestão do Estado e das relações políticas do governo começa a bater à porta do governador Ronaldo Caiado (DEM) um ano e cinco meses depois de sua posse.
Há um ano, o governador responsabilizava as gestões tucanas pela falta de manutenção das rodovias. Em outubro de 2019 ele tirou seu primo, Ênio Caiado, da presidência da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra), indicando que não havia um bom ritmo de trabalho na pasta, e nomeou Pedro Sales, então presidente da Companhia de Desenvolvimento do Estado (Codego). Sales chegou com a missão de abrir “um grande horizonte de obras”, segundo suas palavras no dia da posse, a partir de fevereiro.
O mês de fevereiro passou, mas o prometido horizonte não se abriu. A Goinfra alega que a pandemia do novo coronavírus afetou seu orçamento e não mais se compromete com prazos. A recuperação da GO-070 e da GO-320, entre Edeia e Indiara, as duas em piores condições de tráfego, “aguarda liberação de recursos”, segundo informou quinta-feira a este jornal. Na mesma edição, o conselheiro Tejota deu seu recado ao governo do qual seu filho participa: “(…) a experiência nos mostra que é possível reduzir os custos a serem investidos com boa gestão e fiscalização”.
Não há como negar o estrago da pandemia sobre a saúde financeira do Tesouro estadual. Há um ano, Caiado articulava em Brasília a recuperação fiscal do Estado e uma autorização para contrair empréstimos para investimentos públicos. Nesse momento, ele espera a sanção pelo presidente Jair Bolsonaro do projeto de lei de ajuda federal aos Estados e municípios, aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada, para ter ao menos a garantia de que disporá em 2020 da mesma receita de 2019. Dificilmente haverá dinheiro novo para investimentos.
Depois do aprendizado de quatro mandatos, o ex-governador Marconi Perillo costuma dizer que para manter a governabilidade um governo não pode atrasar o pagamento de salários do funcionalismo nem descuidar da manutenção das rodovias. Caiado se dedicou a pagar a folha em dia em 2019, mas parece que acreditou que tinha muito tempo para cuidar das estradas. O relatório do TCE revela que esse tempo já chegou.
Neste ano o governador terá de se dedicar à recuperação das estradas ao mesmo tempo em que cuida da pandemia e de seus efeitos e dos problemas fiscais do Estado. Como estão atualmente as estradas não suportarão a temporada de chuva que coincide com o período das eleições municipais. Em meio a pandemia será que o governo conseguirá fazer a manutenção das rodovias?”
A resposta é NÃO!