“Entendedores entenderão”, afirmou Santos, deixando claro que há uma mensagem por trás do gesto. E, de fato, há. Bolsonaristas justificam o ato afirmando que se trata de um “desafio” de ruralistas.
Para Adriana Dias, que é doutora em antropologia social pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e que há anos pesquisa o fenômeno do nazismo, no entanto, há uma referência clara entre o episódio e o neonazismo. “O leite é o tempo todo referência neonazi. Tomar branco, se tornar branco. Ele vai dizer que não é, que é pelo desafio, mas é um jogo de cena, como eles sempre fazem”, declarou à Fórum.
Dias, que é colunista da Fórum, ainda destaca que Bolsonaro pode se escorar no Shavuot, festa judaica que teve início na quinta-feira, para se justificar pelo ato, que ocorreu no mesmo dia em que explodiram manifestações em Minneapolis contra a violência policial contra negros – em razão do bárbaro assassinato de George Floyd. O leite como símbolo está diretamente ligado aos chamados “alt-right” estadunidenses. “O cara é engenhoso”, completou Dias.
O antropólogo David Nemer, que pesquisa o bolsonarismo, fez uma sequência de postagens no Twitter comentando também a questão. “O extremismo do Bolsonarismo é tão tosco que eles apropriam tudo da Alt Right (extremistas brancos americanos) e com atraso – já que isso começou nos EUA em 2017”, declarou.
O Leite Derramado… https://t.co/aLgsGiwW7w
— rodrigo vianna 🇧🇷🇺🇾🇦🇷🇧🇴🇻🇪🇨🇺🇨🇴🇵🇸 (@rvianna) May 29, 2020