Artigo do jornalista Carlos Alexandre Silva de Souza, na edição desta terça-feira do Correio Braziliense, afirma que o Distrito Federal tem que aprender com Goiás como caminhar com segurança pelo caminho do crescimento acelerado da economia, coim justiça social.
Carlos Alexandre é diretor-executivo do Correio Braziliense, que, no domingo, também publicou extensa matéria sobre o crescimento das principais cidades goianas – Catalão, Anápolis e Itumbiara como destaque entre elas.
Veja a íntegra do artigo
Riqueza goiana
Publicada no último domingo, a reportagem do Correio sobre os avanços da indústria cabocla em Goiás, decorrentes em particular de investimentos de setores importantes como o automotivo, joga luz sobre as potencialidades econômicas de uma região vizinha à capital federal. Um exemplo muito bem sucedido está sedimentado em Catalão, onde o Produto Interno Bruto multiplicou-se por seis na última década e se observa uma gradual qualificação da mão de obra local, com consequente aumento da renda per capita.
Conhecido pela relevância nacional no agronegócio, Goiás aposta na diversificação de sua agenda produtiva e fortalece posição no cenário regional. O desafio para os próximos anos consiste em verter o incremento da atividade econômica em benefícios para a população goiana. Se a unidade federativa obtém índices significativos de crescimento, seria fundamental o poder público e o empresariado encontrarem os meios de distribuir essa riqueza nas cidades mais pobres. Encontra-se aí uma das alternativas para promover a Justiça social, uma das mais graves carências em terras goianas.
O desenvolvimento do vizinho também favorece o Distrito Federal, pois diminui o desequilíbrio social e econômico com o Entorno. Ainda que o crescimento da indústria cabocla seja consequência, em grande parte, de uma agressiva política de incentivos fiscais adotada pela governo de Goiás, o Distrito Federal tem condições de colher frutos do progresso que se instala ao lado. O governo local e os investidores brasilienses precisam enxergar Goiás como um celeiro de oportunidades, onde há uma enorme parcela de mão de obra e público consumidor disposta a fazer girar a economia regional.
Para a nossa realidade interna, o Distrito Federal tem valorosas lições a aprender com o empreendedorismo goiano. Em parte pela tradição patrimonialista brasileira, em parte por viés ideológico, o poder público local tem um papel demasiadamente preponderante na economia. É preciso estimular a iniciativa privada brasiliense, pois ela detém a mola propulsora da prosperidade.
Ao governo cabe o papel de incentivador de empregos, e não de mantenedor. A diversificação da rede de serviços constitui uma importante linha de trabalho, mas não há empecilho para incentivar indústrias não poluentes. Nesse contexto, o DF conta um fator decisivo para o crescimento: uma elite de trabalhadores qualificada para abrir negócios. Mãos à obra, pois.