Caiado aprendeu ao longo de sua vida no Congresso Nacional que antes de tudo o político tem que ser um bom ‘ventríloquo’. Sim, projetar a voz, sem abrir a boca, com os lábios quietos, de maneira que o som pareça vir doutra fonte. Qual a fonte?
O presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSD), se comporta como o ‘boneco’ atrevido da ‘boca suja’, que desafia seu ventriloquista. Sobe na tribuna, gesticula, faz barulho, se diz decepcionado com Caiado, arranca aplausos, mas na hora de agir não faz nada, e como o boneco, após o espetáculo é recolhido e guardado na caixa de objetos.
Foi assim ao logo dos 4 anos em que Caiado e Lissauer compartilharam o poder em Goiás, ‘negociaram’ bem os ‘interesses’ do estado.
Caiado aprendeu a fazer política em Brasília, meu irmão. Desde os anos 90 convive com os maiores ‘picaretas’ do ramo no país. Para se ter ideia do que estou falando, ele foi parlamentar junto com os ‘anões do orçamento’, não que ele tenha sido um deles, o seu tamanho não permite. Caiado estudou na cartilha do poder, sabe distrair com uma mão e descer o sarrafo com a outra.
A novela ‘governador e presidente da Assembleia’ em certos capítulos parece ter sido escrita a canivetadas. De uma hora para outra Lissauer surta, enfrenta o governo e fala sobre caráter, queria ser o vice, quis ser senador, e o TCM? Termina como o coordenador de campanha mais apaixonado que Caiado já teve. Sacou?
Debaixo desse véu tem coisa. A taxa do Agro poderia estar na gaveta do presidente. Veja como funciona o enredo: os dois se posicionam em lados opostos, é conveniente e cômodo para Lissauer, pois ‘ama o Agro’. Fazem barulho, ‘interlocutores falam em rompimento’, mas na hora do pega pra capar o presidente da Alego não retira o projeto da pauta e assiste, quase que aplaudindo, o punhal entrar. Claro, com lágrimas nos olhos, emocionado, assim como a mãe leoa ao ver seu filhote estraçalhar sua primeira ovelhinha.
Cristiano Silva
G24H