O goianiense dotado de boa memória se lembrará que, em fevereiro de 2013, o vereador Paulo Borges (PMDB) foi arrancado de casa de polainas e pijama para explicar à Polícia, de madrugada, o seu suposto envolvimento em esquema de tráfico de influência montado na prefeitura de Goiânia para liberação de licenças ambientais.
Em que pese a gravidade das acusações, a Comissão de Ética da Câmara (ironicamente presidida por Célia Valadão) sequer discutiu o afastamento ou a cassação de Paulo Borges (PMDB), que lá continuou como se nada tivesse acontecido.
A operação “abafa” carrega as digitais de dois políticos conhecidos: o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) e o prefeito Paulo Garcia (PT), que diligentemente convenceram os vereadores a esquecer o desafortunado Paulo Borges.
À margem da contestação moral que assombra o vereador desde então, não se pode acusá-lo de ingratidão. O peemedebista reitera, praticamente todo dia, as suas manifestações de apreço aos dois políticos que salvaram-no da guilhotina.
O último aceno de gratidão foi dado na sessão plenária desta terça-feira (3 de março). Paulo Borges ajoelhou-se mais uma vez diante dos desmandos do prefeito e votou contra o reajuste da data-base para os servidores municipais – categoria que ajudou a elegê-lo em 2012.
Paulo Borges salvou o pescoço, mas perdeu o livre arbítrio e a consciência. Tornou-se escravo das vontades do Paço Municipal e, em nome da própria sobrevivência, voltou as costas para aqueles que investiram-no de mandato.
É por conta de gente como ele que ninguém acredita mais na Câmara e nem nos políticos.