O enfim consumado rompimento entre o empresário Vanderlan Cardoso e o prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, era mais do que previsível: Vanderlan só aceita a companhia de subordinados, enquanto Misael, pelo seu temperamento esquentado, não é homem de aceitar cabrestos e cumprir ordens.
Misael, ao assumir a Prefeitura, que ganhou com o apoio de Vanderlan, recebeu uma herança pesada de dívidas e desorganização administrativa.Além disso, foi obrigado a engolir dezenas de funcionários comissionados indicados pelo seu “padrinho”, que vigiava a sua administração de perto. O prefeito não aceitou o sacrifício e entrou em rota de colisão com Vanderlan, o que se agravou quando ele resolver demitir a turma do milionário de Senador Canedo.
Se a personalidade de Misael é do tipo explosivo (já deu tiros em desafetos), a de Vanderlan tem uma característica que seria fatal para o relacionamento entre os dois: o empresário é cioso do seu sucesso no mundo dos negócios e tende a ver um mundo do alto de uma torre – não há ninguém nem acima nem no mesmo nível, somente abaixo dele. Quando foi prefeito de Senador Canedo, por exemplo,Vanderlan trocava de secretários como quem muda de camisa – em cinco anos teve mais de 60 auxiliares, que, para ele, não passavam de peças descartáveis da administração.
Na Prefeitura de Senador Canedo, Misael recusou-se ao papel de figurante e fez questão de assumir o cargo para o qual foi eleito – afronta suprema a Vanderlan, que não engoliu a “afronta”. O desfecho imaginado aconteceu: Misael irá para a reeleição por conta própria, talvez como candidato do governador Marconi Perillo ,enquanto Vanderlan deverá apoiar um empresário do município, Zélio Cândido, a quem ele entregou o diretório local do PSB.