Depois que a revista Época descobriu que, no Brasil, juízes e promotores ganham em média R$ 50 mil por mês – e O Popular republicou em seu portal –, um leitor do jornal mandou uma carta comparando esses salários milionários com os R$ 3 mil que, em média, um professor da rede pública ganha no país.
“Não é sério um país onde o auxílio moradia de juízes e promotores, que é pago mesmo a quem tem residência própria, é quase o dobro do salário de entrada de um professor. Da mesma forma não é sério um país que não se indigna com essa remuneração de juízes e promotores e se indigna com o aumento de 13% para professores, para ganharem pouco menos de R$ 3 mil por mensais, e ainda têm de fazer greve para que uma lei (a lei do piso nacional) seja cumprida”, escreve o leitor.
Veja, na íntegra, a carta publicada por O Popular:
Quando se afirma que a valorização dos professores passa pelo aumento remuneratório de seus quadros, é comum alguns economistas emitirem dois argumentos: 1) o aumento salarial não é certeza de aumento da qualidade do ensino; 2) o Estado brasileiro quebraria com o aumento de salário dos professores. Quem pagaria a conta, argumentam eles.
Sábado, fui surpreendido com uma reportagem do POPULAR, segundo a qual, em média, juízes e promotores de Justiça ganham 50 mil reais em Goiás por mês (e um pouco mais em três outros Estados). Os defensores dessa remuneração falam que “eles estudaram muito e têm direito de receber tal valor”. Volto ao argumento supracitado dos economistas para perguntar: 1) Você como cidadão acha que o serviço prestado por juízes e promotores é proporcional ao que eles ganham? 2) Como o Estado brasileiro não quebra com esses valores absurdos? Cadê a gritaria dos economistas?
Esta é uma opção política. O Estado Brasileiro decidiu que é “melhor” pagar 50 mil reais para juízes e promotores do que pagar um salário de entrada razoável para um professor (em Goiás, hoje, pagam-se 2,5 mil reais para o início de carreira). Pensem se os valores remuneratórios de juízes e promotores fossem de “apenas” 25 mil (ainda assim valores maiores do que 99% dos cidadãos brasileiros pagadores de impostos recebem). Com certeza, só essa diferença daria para dobrar o valor dos salários recebidos pelos professores, para uma quantia, pelo menos, razoável e igual a do restante de profissionais com o mesmo nível de formação.
Não é sério um país onde o “auxílio moradia” de juízes e promotores, que é pago mesmo a quem tem residência própria, é quase o dobro do salário de entrada de um professor. Da mesma forma não é sério um país que não se indigna com essa remuneração de juízes e promotores e se indigna com o aumento de 13% para professores, para ganharem pouco menos de 3 mil reais por mensais, e ainda têm de fazer greve para que uma lei (a lei do piso nacional) seja cumprida.
Elder Franca de Sousa
Setor Negrão de Lima – Goiânia
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