Por conta de mais um projeto esdrúxulo e descabido, a Câmara Municipal de Goiânia virou manchete na edição desta terça-feira do jornal O Popular.
O lampejo de brilhantismo partiu, desta vez, do vereador Mizair Lemes Júnior (PMDB), que no tempo livre publica fotos sem camisa, deitado na cama e com legendas de teor falsamente filosófico.
Mizair propõe a leitura obrigatória da Bíblia em sala de aula, em que pese a clareza da Constituição brasileira quando define que o Estado é laico e não deve se imiscuir em assuntos religiosos.
Conclui-se que o vereador desconhece, em absoluto, as leis que regem o País ou quis fazer proselitismo com uma proposta ilegal, que nasce morta.
Conclui-se também que ele possivelmente não sabe para quê foi eleito e tampouco compreende quais são as verdadeiras prerrogativas e atribuições de um vereador. Infelizmente, Mizair não é exceção.
O Popular teve o cuidado de ouvir um doutor em Direito do Estado, um pesquisador científico em assuntos religiosos e um professor de pós-graduação em Ciências da Religião. Os três foram taxativos em suas opiniões contrárias à bravata de Mizairzinho.
“Essa medida é inconstitucional. Eu imagino que o Ministério Público seria o primeiro a questionar (a lei, caso aprovada)”, afirma o advogado Fabrício Motta.
“É uma apropriação indevida do espaço público, uma imposição completamente ilícita”, diz o professor Luiz Signates.
“Que efeito teria para as pessoas que acreditam em outros livros sagrados, com igual fé, na revelação e na utilidade deles para vida? Devíamos então ler também textos dos Vedas, do Alcorão, ou, mais condizentes com a cultura goiana, ler textos de tradições indígenas e africanas?”, completa o professor Valmor da Silva.