A assessoria de comunicação da Prefeitura de Goiânia e a equipe do prefeito Paulo Garcia perderam a noção do ridículo ao forçar a divulgação da viagem ao Vaticano como uma deferência individual do papa Francisco – quando na verdade Paulo Garcia era apenas um a mais dentre quase uma centena de administradores municipais e outras autoridades de todo o mundo, que foram chamados para se sentar em um auditório e ouvir uma palestra, em italiano, de Sua Eminência.
Paulo Garcia mal viu o papa, de longe. Iludido com o convite para participar da palestra, levou até um presente – um quadro de Siron Franco – que acabou sendo entregue a um auxiliar do terceiro escalão da Santa Sé, já que o papa, obviamente, não tem tempo a perder com sub-autoridades do terceiro mundo.
Os gastos com a viagem, secretos até agora, não foram pequenos. Paulo Garcia levou uma comitiva de ditador africano: a mulher, o presidente da Câmara, Anselmo Pereira; pelo menos um assessor de imprensa, Luiz Carlos Lopes; e o secretário de Finanças, Jeovalter Correia (a presença mais difícil de explicar: o que Jeovalter foi fazer em Roma?), dentre outros. Como justificar essa farra?
Nesta quarta-feira, um auxiliar de Paulo Garcia publicou um artigo no Diário da Manhã exaltando a viagem ao Vaticano e dizendo que o prefeito foi mostrar ao papa “o trabalho desenvolvido em Goiânia”. Não, não é piada, leitor. A frase está no artigo de Miguel Tiago, um advogado apagado que sempre achou um lugar ao sol nas administrações petistas na capital e hoje assessora o gabinete do prefeito. A bajulação é tanta que Miguel Tiago parece beirar o êxtase com o encontro que nunca houve nem nunca haverá entre Paulo Garcia e o papa, para mostrar o “trabalho desenvolvido em Goiânia”.