Em 2012, durante a última eleição para prefeito de Goiânia, chamou a atenção do meio político o carinho dispensado pelas grandes construtoras a Paulo Garcia (PT), candidato a reeleição. Pode se dizer que o tratamento foi quase tão bom quanto o que recebeu Iris Rezende (PMDB) nas duas últimas vezes em que foi eleito para o Paço (2004 e 2008).
As gigantes do ramo imobiliário sempre configuraram entre os principais doadores de campanha do bloco PT-PMDB. A imprensa, de modo geral, nunca conseguiu compreender a real dimensão dessa amizade. Felizmente, a CEI das Pastinhas, criada pela Câmara Municipal, está ajudando a esclarecer os fatos.
Nós, jornalistas, pensávamos que a desregulamentação do Plano Diretor tinha bastado como pagamento pelo apoio de campanha. Mas a CEI, na sua fase inicial, mostrou que essas empresas também faturam com a frouxidão da prefeitura na liberação de alvarás para grandes empreendimentos.
Além de um flagrante desrespeito nos prazos, os manda-chuvas da prefeitura também vêm permitindo que os seus funcionários recebam, ao mesmo tempo, o salário pago pelo município e gorjetas polpudas pagas pelas construtoras. Exemplo disso é a arquiteta Kellen Mendonça Santos, que admitiu ter recebido R$ 10 mil para juntar documentos em um processo da Incorporadora Orca que ela própria era a encarregada de analisar na prefeitura.
Esse processo, em específico, estava parado havia dois anos, mas tramitou em tempo recorde (72 dias) depois que Kellen foi “contratada”.
A CEI, apesar de ainda estar no começo, já deslindou abusos graves. Tudo leva a crer que os empresários tomaram conta da área. Mesmo assim, estamos curiosos para saber aonde esse escândalo vai chegar.