Em depoimento à Comissão que investiga suspeitas de fraude na emissão de alvarás para construtoras, na Câmara de Goiânia, o arquiteto Adriano Theodoro Dias Vreeswijk afirmou que não considera imoral e tampouco ilegal o fato de ele formatar projetos (a serviço de grandes incorporadoras) que depois serão analisados – e possivelmente aprovados – por seu sócio, o também arquiteto Jonas Henrique Guimarães, ou algum subordinado seu na prefeitura.
Jonas e Adriano, que também é servidor municipal, são sócios em uma empresa chamada Athrio. Entre outros casos, Adriano representou a EuroAmérica no pedido de autorização para construção do residencial Europark, um monstrengo de oito torres e mil apartamentos no Park Lozandes, na Capital. O processo foi protocolado com apenas duas páginas de estudos, apesar de ser uma obra gigantesca, mas a sua tramitação não enfrentou resistência na burocracia municipal.
“Jonas é amigo desde 1991. A empresa existe desde 2000. É na minha residência. Prestei serviço para EuroAmérica. Conheço o senhor Juan Angel [Zamora, proprietário da EuroAmérica]”, disse Adriano. “Não vejo impedimento ético porque eu não tenho poder de assinar alvará algum e Jonas se considera impedido em casos específicos”, argumentou. O vereador Geovani Antônio (PSDB) respondeu: “se declarava impedido mas nomeava um subordinado para assinar”.
Também chamou a atenção da Comissão a pechincha que Adriano cobrou da EuroAmérica para o projeto inicial do Europark: R$ 10 mil. O próprio Juan Angel, em depoimento à CEI na segunda-feira passada, disse que é normal um serviço desses custar até R$ 200 mil. Adriano afirmou que cobrou o preço que considerava justo e factível com a realidade do mercado.
O vereador Paulo da Farmácia (Pros) debochou do depoente: “Quero um cartãozinho seu. Preciso reformar a minha farmácia e arquiteto nenhum me fez um preço tão barato quanto o que você cobra”.