Na primeira edição de O Popular que circulou depois da destituição da jornalista Cileide Alves do cargo de editora-chefe e sua transferência para a editoria de opinião, uma surpresa desagradável: o tradicional editorial, publicado na página 8, faz críticas à polícia e praticamente defende os bandidos que assassinaram um jovem filho de um PM, há poucos dias.
O editorial alega que a mensagem de um oficial da PM, postada em um grupo no WhatsApp, pedindo informações sobre os autores do crime, representaria uma violação da legalidade e compara descabidamente a situação com a morte de 2 suspeitos de assalto que foram assassinados por 11 PMs em São Paulo.
É óbvio que a postagem do oficial representa apenas um recurso a mais de investigação ou, no máximo, um apelo para que os colegas se empenhem a fundo na elucidação do crime. Não há, na mensagem, nenhuma transgressão à lei.
Como nova editora de opinião, Cileide Alves é a responsável pelo texto do editorial – que obviamente exprime mais as suas crenças e menos as convicções do Grupo Jaime Câmara. O nome dela, inclusive, aparece hoje no expediente de O Popular, justamente como “editora de opinião”, o que a fortalece como senhora absoluta dos conceitos defendidos pelo jornal.
A conclusão do texto traz ainda outro equívoco: afirma que “o combate ao crime é fundamental e essencial para a proteção da sociedade, mas quando um policial mata ou instiga a matar está agindo na ilegalidade”. Errado e mais injusto ainda: nem sempre um policial, quando mata, “está agindo na ilegalidade” – ele pode, por exemplo, estar defendendo a própria vida.