A derrota para Marconi Perillo (PSDB) em 1998 e, quatro anos depois, na eleição para senador deveria ter convencido Iris Rezende (PMDB) a se reciclar. A chance viria em 2004, com a vitória consagradora na disputa pela prefeitura de Goiânia. Mas o homem é o lobo do homem, como sentenciou o dramaturgo Plauto, e Iris foi o lobo de si mesmo. “Praticou a mais genuína autossabotagem sem se dar conta da própria armadilha”.
Está é a tônica do excelente editorial publicado neste domingo pelo Jornal Opção, que esmiuça a enorme dificuldade que Iris demonstrou para se renovar ao longo de toda a sua carreira política. Para o Opção, foi este erro de avaliação que levou Iris a perder três eleições para Marconi e, por fim, a se aposentar. O ex-governador pendurou as chuteiras na última segunda-feira. “Iris não ganhou dos oposicionistas o ferino apelido de “denossauro” apenas como provocação gratuita, sem que isso fosse um discurso justificável”, diz o texto.
Confira um trecho:
Em um mundo cada vez mais conectado e que dispara informações pelos poros, ele resistia ao celular e às redes sociais; desqualificava as pesquisas que não lhes fossem favoráveis, acusando seus autores de estarem “trabalhando” para o adversário. No lugar das redes, preferia o contato direto com o “povo” – mas somente em campanha ou inauguração de obra; à análise dos dados das pesquisas preferia a crença de ser um predestinado por Deus ao poder. Talvez Iris não tenha sabido interpretar que a internet não substitui o corpo a corpo, mas o complementa; talvez não tenha sido iluminado para entender que, se a fé remove montanhas, a informação precisa ajuda a transportar os caminhões de terra. Iris sempre foi um gestor instintivo, o que funcionava para um outro Goiás e um outro Brasil, mas não podia ter nada de contemporâneo.
Clique aqui para ler o editorial na íntegra.