O candidato a prefeito Iris Rezende (PMDB), em entrevista ao Jornal O Popular nesta quinta-feira, afirmou que as empresas de ônibus são mais vítimas do que culpadas pelos problemas do transporte coletivo em Goiânia. “O que não pode é o administrador querer fazer politiquice com uma coisa séria que é o transporte coletivo”, disse ao afirmar que pode cancelar contratos, inclusive do passe livre estudantil, como ele é praticado atualmente.
O candidato disse que as empresas estão em dificuldade financeira, pois os valores não foram reajustados adequadamente e que, se a prefeitura e o Estado quiserem dar passe livre devem comprar as passagens das empresas e repassar para os estudantes, o que dificultaria o acesso ao benefício, conquistado com muita luta, depois de anos de tentativas frustradas, inclusive durante o período em que ele foi prefeito.
Iris colocou a culpa pela situação em que Goiânia se encontra na formação da equipe do atual prefeito Paulo Garcia (PT), tentando fugir da responsabilidade de ter avalizado a eleição do petista em 2012. O que o ex-prefeito não assume é que grande parte dos principais cargos do Paço Municipal continuaram sob o comando de seu partido, como a secretaria de Saúde, que até hoje é do PMDB e o vice-prefeito, Agenor Mariano, que é seu coordenador de campanha.
O candidato ainda negou que a prefeitura tenha feito mais do que dois contratos com a construtora Delta, que é uma das investigadas na Operação Lava Jato, e que tenha recebido, em toda a sua vida política, qualquer dinheiro para facilitar a realização de obras em Goiás e Goiânia. Segundo ele, todo o seu dinheiro veio do período em que foi cassado pela ditadura e atuou como advogado.
Mas relatórios publicados no portal da transparência da prefeitura mostram o contrário. São quase 20 termos, entre contratos e aditivos, que foram firmados com a construtora Delta desde que assumiu a prefeitura em 2005, como na construção de asfalto, bueiros, locação de máquinas e caminhões. Iris ainda deu uma de Lula e disse que não sabia que as empreiteiras tinham doado para suas campanhas. Os montantes chegam a um milhão de reais.
No final da entrevista, ao ser questionado sobre como resolveria os problemas da prefeitura em 60 dias, como ele mesmo afirmou em um debate neste segundo turno, Iris, mais uma vez, não respondeu. Ficou claro o descontentamento do jornalista Jarbas Rodrigues, que depois de muitas tentativas em arrancar a resposta do peemedebista, desistiu e encerrou a entrevista com o candidato.