A eleição que termina neste domingo foi pródiga em lições e boas histórias que sacudiram o cenário político goiano. Independente do resultado proclamado pelas urnas, já se sabe quem saiu-se vitorioso e derrotado.
O fiasco eleitoral de Waldir Soares (PR), o delegado Waldir, talvez tenha sido o lance mais emblemático desta disputa. O meio político apostava na vitória dele em primeiro turno caso Iris confirmasse a promessa de se aposentar. Na pior das hipóteses, que chegaria ao segundo turno contra o ex-governador do PMDB. Não aconteceu nem uma coisa, nem outra.
Waldir, o primeiro político a alcançar êxito em Goiás graças à popularidade nas redes sociais, pensou que o apreço dos fãs no Facebook seria suficiente para elegê-lo prefeito. Negou-se a dialogar com outras forças políticas, aliou-se apenas ao nanico PMN e começou a campanha com um tempo curto de televisão. Na TV, posicionou-se de maneira confusa. Estava irreconhecível. Waldir derreteu como Rachel Azeredo (ex-PFL), em 2004. Terminou com 10,48% dos votos válidos (71.727).
O delegado teve 60% menos votos neste ano do que teve, só em Goiânia, para deputado federal. E, no fim das contas, ninguém hoje se importa em saber em quem ele vai votar – se em Iris ou Vanderlan. Palavra de Waldir virou risco n’água.
Outro que tomou um boné histórico nesta eleição foi o prefeito Paulo Garcia (PT), massacrado por todos os políticos que se dispuseram a sucedê-lo. Em determinados momentos, Paulo recebeu críticas até da amiga e aliada Adriana Accorsi (PT). Em vez de reagir, ele encastelou-se e fugiu do debate. Não respondeu Iris Rezende, por exemplo, quando seu ex-padrinho o acusou de afundar a prefeitura depois de receber a administração saneada. Sua candidata, Adriana, passou vergonha: amealhou apenas 6,73% dos votos válidos (46.103). Foi a pior votação que o PT já registrou em eleições em Goiânia.
Além de péssimo gestor, Paulo agora ostenta a imagem de político fracote, que apanha calado e não sabe se defender. Talvez tenha ficado em silêncio porque vestiu a carapuça. É a única explicação plausível para o que aconteceu.
Apenas dois personagens saem maiores do que entraram nesta eleição. Um deles é Vanderlan Cardoso (PSB), que chegou a estar a 2,6 pontos percentuais de assumir a liderança. Mas nada se compara ao ganho de capital político do deputado estadual Francisco Júnior (PSD), que largou com aproximadamente 1% nas pesquisas e cruzou a linha de chegada com 9,31% dos votos válidos (63.712). É um nome a ser observado nos próximos pleitos.
SEGUNDO TURNO
É preciso fazer dois apontamentos interessantes a respeito do segundo turno em Goiânia. O primeiro é o de que Iris finalmente aprendeu a bater. Bateu com competência e impediu o que parecia fadado a acontecer: a virada de Vanderlan. Iris colocou o dedo nas feridas do adversário de uma maneira que não soube fazer, por exemplo, nas duas vezes em que disputou o governo contra Marconi Perillo (PSDB).
O segundo apontamento é o de que Vanderlan não conseguiu – ou não quis – reagir. O candidato do PSB titubeou para assumir a aliança com o governador Marconi Perillo (PSDB) e não divulgou as ações do governo na Capital, o que foi um erro. Além disso, não foi enérgico ao expor as incongruências do flanco peemedebista. Explorou pouquíssimo a ligação de Iris com seu pupilo Paulo Garcia e as insanidades do candidato a vice do PMDB, Major Araújo (PRP).
Iris deve faturar a eleição, mas não é o único vitorioso. Da mesma forma como há mais de um derrotado.