O noticiário sobre a morte do estudante Guilherme Silva Neto, assassinado pelo próprio pai, enveredou rapidamente pelo caminho da exaltação e santificação da vítima e ignorou um detalhe da maior importância para que se entenda o “movimento estudantil” e os “movimentos sociais” no Brasil de hoje.
Na mochila, dirigindo-se para a faculdade quando foi morto, Guilherme Silva Neto não levava livros.
Levava uma machadinha.
Uma machadinha.
Não existe hipótese de se tratar de uma ferramenta necessária aos estudos do rapaz assassinado, que cursava Matemática na Universidade Federal de Goiás.
Nem mesmo é aceitável a ideia de que se tratava de um equipamento a ser utilizado nos protestos políticos nos quais Guilherme estava envolvido, a não ser que se tratasse de cometer atos violentos ou de vandalismo – e isso não tem a ver com manifestações políticas, mas, sim, com a prática de crimes definidos pelo Código Penal.
Há muita exacerbação social no país, no momento. Pais que matam filhos por conflitos ideológicos. Ou estudantes que carregam machadinhas em vez de material escolar.
O Brasil está distorcido.