De Norte a Sul do País, o discurso de austeridade econômica e o anúncio de corte de gastos marcou a posse dos prefeitos eleitos nas Capitais. Uma das raras exceções foi Goiânia, em que o prefeito empossado Iris Rezende (PMDB) não fez menção alguma à necessidade de enxugamento da máquina administrativa, extinção de cargos comissionados ou redução o número de secretarias.
Para se ter a ideia da pobreza intelectual que predominou a solenidade de posse de Iris, basta dizer que o momento mais marcante do evento foi quando ele declarou que vai reeditar os mutirões, um modelo obsoleto criado há 50 anos e que está longe de corresponder às demandas de uma cidade complexa e moderna como Goiânia.
Faltou a Iris a sinalização que deu, por exemplo, Marcelo Crivella (PRB) no Rio de Janeiro, para quem as “mordomias” são um símbolo execrável” de abuso de poder. “O tempo é de crise. A ordem é não gastar”. Ou a ousadia que teve Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que em Porto Alegre estabeleceu como meta reduzir 50% do gasto com cargos comissionados e de 25%.
Outro exemplo de que Iris poderia ter seguido foi o de Rafael Greca (PMN), prefeito empossado de Curitiba, que afirmou: “A prefeitura está abusivamente inchada e partidária, servindo ao interesse do poder, não do povo”. Ou o de Alexandre Kalil (PHS), prefeito de Belo Horizonte, que pediu “juízo” aos vereadores e disse que o dinheiro da prefeitura não será canalizado para “troca de favores”.
Nada.
Da boca de Iris, não saiu uma palavrinha sequer que desse ao seu discurso um tom de defesa do patrimônio público, equilíbrio nas contas ou austeridade fiscal. Parece sintomático.