Texto publicado no site GBrasil (clique aqui para acessar)
Quando o assunto é Iris Rezende (MDB), aliados e adversários concordam em um ponto: a sagacidade e o dom para gestão e articulação política do prefeito não são mais os mesmos de 20 ou 30 anos atrás. E se este é mesmo o último ato do cacique do MDB, pode-se dizer que a Saúde pública será a pá de terra final em seu melancólico encerramento de carreira.
Desde que assumiu a prefeitura, Iris sofre para lidar com problemas pontuais nos Ciams e Cais. Num passado recente, ele não demoraria mais do que 1 ou 2 dias para resolver estas questiúnculas cotidianas. O grave é que nesta área não se admitem inércia ou procrastinação: não é à toa que os telejornais da Capital noticiam, quase todo dia, a morte de pacientes maltratados na rede municipal de atenção básica.
Por teimosia ou qualquer outro motivo de ordem comportamental, o prefeito insiste em manter a médica Fátima Mrué no cargo de secretária da Saúde, apesar dos resultados insatisfatórios, das denúncias de corrupção, das reclamações de pacientes e da enorme pressão dos vereadores para que ela seja demitida. À exceção dele, ninguém mais está satisfeito com a secretária. Mas ela não cai.
O Iris de antigamente já teria reagido ao saber da suposta existência de um esquema de seleção de pacientes mais “lucrativos” para as UTIs públicas; teria suspendido a compra, sem licitação, de um software de R$ 4 milhões para o departamento de regulação; não teria deixado faltar remédios básicos, como dipirona, ou insumos elementares, como luvas e máscaras. O Iris que emergiu para vida pública nos anos 60 não assistiria passivo ao provável desvio de dinheiro público em reparos milionários e desnecessários em ambulâncias.
É possível que estejamos a testemunhar o enterro político deste homem de passado notável. E é uma pena que o último capítulo, este da Saúde, seja tão danoso à sua biografia.