Em respeito a uma tradição quase tão antiga quanto a carreira política de Iris Rezende (MDB), o jornal O Popular deste sábado dá manchete acrítica e pra lá de positiva para o prefeito ao reportar a visita dele à Comissão de Inquérito (CEI) da Câmara de Vereadores que investiga suspeitas de irregularidades na Saúde pública da Capital.
O título estampa a promessa de Iris de transformar a saúde de Goiânia em modelo dentro de 60 dias. Mas o texto de Bruna Aidar comete a grave falha de não ressaltar ao leitor que esta é a 3ª vez que o prefeito assume este compromisso no atual mandato. O próprio jornal publicou esta declaração nas ocasiões anteriores. Bruna Aidar deveria ter feito este questionamento? É claro que sim.
O Popular deu amplo espaço às desculpas do prefeito para que o sistema de saúde esteja tão ruim, mas poucas linhas aos duros questionamentos que ela recebeu.
O jornal não contou aos seus leitores, por exemplo, que a vereadora Priscilla Tejota (PSD) trouxe a público uma portaria assinada pela secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, com autorização para repasse de verbas a leitos de UTI cadastrados no SUS que não existem.
Também não divulgou o questionamento de Jorge Kajuru (PRP) a respeito do contrato superfaturado com oficinas mecânicas que prestam reparos em ambulâncias (aliás, Kajuru sequer é citado na matéria) e do gasto de R$ 108 mil com curso de mestrado para duas amigas de Mrué que exercem funções de nível de escolaridade média na prefeitura.
De quem partiu o impulso para blindar Iris? Da repórter Bruna ou do Popular?