“A Polícia Civil está em campo para servir a uma população e não um grupo de pessoas”. Este é um dos principais tópicos do desabafo escrito pelo delegado Alzemiro José dos Santos, que deixou a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais. Alzemiro diz que ele e vários colegas notam a falta de critério do governador Ronaldo Caiado (DEM) em trocar titulares e mexer na instituição, o que está causando descontinuidade no trabalho realizado.
É um desabafo duro. Veja na íntegra:
Hoje deixo a titularidade da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais, referência em nível nacional, altamente especializada em investigar organizações criminosas que atuam no meio rural e que conta, seguramente, com o melhor núcleo de inteligência da polícia civil, composto por policiais que gostam de desempenhar suas missões, com dedicação e vasta experiência neste tipo de investigação. Durante o período de nossa atuação listamos dezenas de crimes solucionados. Esse trabalho só foi possível graças à união de profissionais que me deram a honra das suas companhias em todos os passos rumo à estruturação deste trabalho. Seguindo o exemplo do regime policial norte-americano, sabidamente um dos mais eficazes, buscamos aliar nossa experiência com a juventude daqueles que iniciam a caminhada policial. Tal atitude trouxe resultados e hoje contamos com uma Delegacia respeitada, com vasta folha de serviços prestados à comunidade, sobretudo, na defesa das garantias individuais e coletivas de todo meio rural. Com o apoio incondicional da FAEG e dos Sindicatos Rurais, construímos e aparelhamos esta Unidade Policial, chegando a este nível de reconhecimento. No entanto, não posso deixar de assinalar minha preocupação com a possibilidade de descontinuidade desse trabalho. Ouvi manifestações de vários colegas Delegados e Policiais experientes, e com poeira nas costas, sobre algumas diretrizes traçadas para troca de titulares, sem levar em consideração os trabalhos desenvolvidos pelos mesmos. Após algumas ações da nova direção, é unanimidade entre os profissionais da Segurança Pública a seguinte opinião: a Polícia Civil de Goiás está dividida. Tal sensação traz uma instabilidade em relação às novas ações propostas para a área. A descontinuidade é justamente um dos maiores problemas das administrações públicas, seja em que área for. Não se pode conduzir nenhuma administração sem o elo experiência e juventude. É importante lembrar que a Polícia Civil está em campo para servir a uma população e não um grupo de pessoas. A divisão de nossa Polícia Civil só ira acarretar aumento automático da criminalidade no Estado de Goiás. Com todas as limitações inerentes à administração pública em relação a investimentos em Segurança Pública, estruturamos uma Delegacia que hoje é vista e ouvida. Isto só possível com a união de forças dos policiais experientes e a tenacidade de jovens delegados e policiais ansiosos em prestar um bom serviço à comunidade. Por que, então, esta troca total dos delegados experientes? Esta ação da nova direção espelha uma discriminação em relação a Delegados que dedicaram suas vidas em prol da segurança de todas as famílias do nosso Estado. Ressalto que há, como já disse, delegados novos competentes tal como os delegados experientes. O que não pode acontecer é essa caça às bruxas em relação aos delegados experientes! Não se pode conduzir nenhuma ação administrativa pública norteado pela vaidade. A razão e o bom senso unificam ações e opiniões. Deixo inúmeros amigos raiz do meio rural, e mesmo fora da delegacia, se puder colaborar com todos, estou à disposição, a qualquer hora. Deixo este grupo com a consciência de dever cumprido. Fiquem com Deus.