O almoço que marcou o primeiro encontro entre o presidente da Assembleia, Lissauer Vieira (PSB), o governador Ronaldo Caiado (DEM) depois da eleição na nova Mesa Diretora do Legislativo inaugura uma nova fase da relação entre os dois poderes, com o fim – temporário ou não – da subserviência do Legislativo ao Executivo.
Depois de vencer a corrida interna pelo comando da Assembleia com um discurso de independência, Lissauer deixou claro que só iria ao encontro de Caiado se fosse convidado. E foi o que de fato acabou acontecendo, conferindo liturgia política ao evento.
O almoço desarma o clima pesado que, por inabilidade dos articulares políticos palacianos, instalou-se entre o governo e a Assembleia, que teve seu ápice com a derrota acachapante de Caiado na eleição do novo presidente do Legislativo.
Nas entrevistas que vem concedendo à imprensa, Lissauer segue o diapasão da campanha à presidência. reafirma o sentimento de autonomia que tomou conta da Casa de Leis, e bate na tecla de que o relacionamento com governo será respeitoso, mas, sobretudo, institucional e republicano.
Lissauer tem se revelado habilidoso diplomático e tem se revelado, mas educação e a boa índole não pode ser confundida com recuo ou mesmo rendição.
Ele não abrirá mão das suas convicções, muito menos dos compromissos que assumiu para chegar à presidência da Assembleia. E o principal deles é justamente a independência do poder.
Pela primeira vez na história política de Goiás, o relacionamento que agora se inicia entre o governo e a Assembleia irrompe com territórios previamente demarcados e, no caso do Legislativo, com o novo ingrediente com que Lissauer quer fazer a diferença: a independência.
Ou seja, com Lissauer, a Assembléia não será uma extensão do Palácio das Esmeraldas, um mero puxadinho do governo, um poder agachado e sem personalidade.
Reza a lenda que famosa ambrosia de leite, ovos e canela servida nas refeições do Palácio adoça a boca e seduz os políticos, principalmente os deputados. Desta fez, contudo, parece que não terá efeito diante da firmeza até agora sugerida nos movimentos do novo presidente da Assembleia.