Os oito matadouros frigoríficos de bovinos que estão sendo construídos pelo Governo do Tocantins nos municípios de Barrolândia, Novo Acordo, Ponte Alta do Bom Jesus, Ananás, Araguanã, Arapoema, Campos Lindos e Wanderlândia devem ser ficar prontos até o mês de agosto deste ano. Eles serão entregues totalmente equipados e certificados pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi).
Os matadouros estão sendo construídos em uma área total de 883,60 m², divididos em oito lotes dos municípios citados com a proposta de abate de 50 cabeças de gado por dia, podendo se estender de 100 ou mais cabeças por meio da ampliação da câmara frigorífica.
Os recursos investidos nas obras fazem parte do acordo assinado entre o governador Mauro Carlesse, e o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Martin Raiser, no último dia 13 de fevereiro, em Brasília (DF). Dos R$ 500 milhões liberados para a nova etapa do Programa de Desenvolvimento Regional, Integrado e Sustentável (PDRIS), R$ 18 milhões serão destinados para a construção dos matadouros frigoríficos.
Demanda
Segundo o secretário executivo da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), Thiago Dourado, a demanda atual do Estado para abastecimento de carne bovina é de 1.600 cabeças por dia, na qual 50% são supridas nos abastecimentos formais de cidades-polo como Palmas, Araguaína, Porto Nacional, Gurupi e Paraíso.
Dessa forma, os matadouros em construção estão direcionados inicialmente para atender as cidades pequenas, ofertando 400 cabeças/dia, o que sana mais 25% da demanda total, e consegue atender até 400 mil pessoas por dia.
“É importante deixar claro que os benefícios dessas indústrias são para as regiões adjacentes às localidades de instalação, logo que o ponto de equilíbrio calculado se estende a um raio de 200 km, atendendo cerca de 125 cidades no total”, destacou Thiago Dourado.
Em visita realizada aos matadouros em construção, no último dia 16 de fevereiro, o gestor da Seagro, César Halum, ressaltou a importância da indústria instalada no interior do Estado que “promoverá o desenvolvimento regional, aproximando o produtor pecuarista da unidade de beneficiamento, gerando emprego e oportunidades, além de garantir uma carne de qualidade e inspecionada, que proporcionará a segurança alimentar”.
O secretário ainda complementou que a instalação desses frigoríficos também é uma forma de aumentar a segurança do homem do campo que, muitas vezes, tem seu gado roubado e levado ao abate nos frigoríficos clandestinos, locais que não possuem o controle de inspeção e de origem da carne.
Escolha dos municípios
A escolha dos municípios beneficiados com o programa, e consequentemente com a construção dos matadouros, obedeceu aos critérios impostos de viabilidade como sanidade, suficiência de rebanhos, demanda de abate condizente com a capacidade dos matadouros, compras institucionais, Compra Direta e Programa Nacional de Alimentação em Escolas (Pnae), garantia de comercialização, processo de abate certificado com o Serviço de Inspeção Municipal, dentre outras normas.
Segundo dados da Seagro, 80% dos municípios do Estado não possuem matadouros frigoríficos e o abate é feito clandestinamente em condições precárias que oferecem risco à saúde da população, ao meio ambiente, causam maus-tratos aos animais e não oferecem nenhum benefício à sociedade.
Benefícios da regularização
É importante perceber que a instalação desses frigoríficos está associada também com a preocupação do Governo com a saúde pública, uma vez que essas novas estruturas poderão comercializar uma carne segura e inspecionada sem oferecer qualquer risco à população. A construção dos abatedores, além de legalizar o abate, também promove segurança alimentar e melhoria na vida da população e consequentemente melhora a qualidade alimentar.
Desde o processo de construção até a operacionalização dos serviços, a obra oferece emprego à população, gera renda e consumo na região, bem como atrai novas empresas, indústrias, melhora as pastagens e os serviços de extensão rural, gera serviços e venda de insumos, cresce a logística e o aumento da demanda por captação de transporte do gado das fazendas para as indústrias e da carne beneficiada e inspecionada para os mercados e açougues.
Segundo o secretário executivo da Seagro, Thiago Dourado, a instalação dessas indústrias irá fortalecer e desenvolver ainda mais a cadeia produtiva da pecuária, que se expande em diversos outros setores, da logística à produção e à manutenção em consolidação, com previsão de geração de 3 a 4 mil empregos diretos e/ou indiretos, com movimentação financeira estimada de R$ 100 milhões por mês com toda essa cadeia.
Os riscos dos matadouros clandestinos
Péssimas condições do abate, armazenamento e transporte da carne bovina podem causar sérios riscos à saúde, bem como prejuízos a diversos outros setores que interferem direta ou indiretamente na condição humana.
Existem mais de 30 doenças transmissíveis por carne contaminada, comprovadas por estudos realizados por órgãos de saúde pública, dentre elas estão tuberculose, aftosa, raiva, brucelose e cisticercose (fase intermediária da “solitária”). Nesta última, se o parasita se instalar no cérebro, pode causar cegueira, surdez ou distúrbios neurológicos, além de atacar a musculatura do coração, o fígado e os pulmões.
Outros riscos associados aos abatedouros clandestinos estão ligados aos dejetos dos animais que são jogados ao ar livre ou mesmo em rios da região, sem qualquer tipo de tratamento, o que agride o meio ambiente. Ainda há também os maus-tratos aos animais durante o abate, que é realizado muitas vezes com golpes de facão, machado ou marreta, onde o animal agoniza por longos minutos.