sábado , 27 abril 2024
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Lauro Veiga: “Enel Goiás multiplica lucro líquido em 14 vezes, mas investe 9,6% a menos em 2018”

Veja texto do jornalista Lauro Veiga Jardim, publicado no jornal O Hoje: “Com cortes em despesas operacionais, redução
drástica nas despesas com pessoal e um salto no
valor diferido do Imposto de Renda (IR) e da
Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), a
Enel Distribuição Goiás conseguiu aumentar seu resultado
líquido em pouco mais de 14 vezes no ano passado.
Os indicadores de qualidade do serviço melhoraram,
embora ainda superem por longa margem os níveis
ideais fixados pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), e o investimento recuou na comparação com
2017, puxado para baixo pelo tombo nas inversões destinadas
à instalação de novas conexões.
Veiculadas na edição de ontem do Diário Oficial de
Goiás, as demonstrações financeiras da distribuidora
apontam um salto no lucro líquido de R$ 110,328
milhões para R$ 1,552 bilhão entre 2017 e o ano passado
(1.306,6% a mais), no que parece ser, ao menos em
valores nominais, um resultado histórico para a companhia.
O investimento total, embora tenha se mantido
muito acima da média verificada nos anos que antecederam
a privatização da Celg Distribuição, baixou de
R$ 837,116 milhões para R$ 756,678 milhões, em queda
de 9,6% (ou R$ 80,438 milhões a menos). Os valores
investidos em novas conexões desabaram de R$ 464,443
milhões para R$ 247,175 milhões, num tombo de 46,8%.
A companhia decidiu priorizar investimentos na
rede, envolvendo combate a perdas e melhorias na
qualidade do sistema elétrico. O primeiro grupo recebeu
injeção de R$ 51,985 milhões, em alta de 104,9%
frente a 2017 (R$ 25,374 milhões). Os programas de
melhoria da qualidade demandaram R$ 243,957 milhões
em investimentos, o que significou elevação
de 115,7% frente aos R$ 113,102 milhões investidos
no ano anterior. Na soma dos dois grupos, o investimento
cresceu 113,7%, saindo de R$ 138,476 milhões
para R$ 295,942 milhões.

Receitas em alta
A conta de resultados da distribuidora sofreu a influência
de um incremento de 13,5% na receita bruta,
que avançou de R$ 8,213 bilhões para R$ 9,320 bilhões.
Segundo a companhia, o crescimento refletiu o aumento
das receitas com fornecimento de energia elétrica, por
sua vez impulsionadas pelo reajuste médio de tarifas
fixado em 14,65% pela Aneel a partir de 22 de outubro
de 2017, assim como pela leve alta de 1,2% no volume
de energia negociado no mercado cativo (para 11.013
gigawatts/hora). Em 16 de outubro do ano passado, as
tarifas subiram mais 18,54%, também na média, o que
terá impactos mais relevantes sobre os números de
2019. A receita líquida, apesar do impacto da alta de
12,5% nos custos do serviço, aumentou 10,7% entre os
dois exercícios analisados, avançando de R$ 4,902
bilhões para pouco mais de R$ 5,425 bilhões.
BALANÇO
•    O efeito negativo gerado pelo crescimento de 12,9% nos custos e despesas
não gerenciáveis, formados basicamente por gastos com a compra de
energia para revenda (0,8% de alta) e encargos do uso do sistema de transmissão
(mais 93,2%), foi compensado parcialmente pela queda de 11,0% nas
despesas e custos gerenciáveis (que podem ser manejados pela empresa.
•    Entram nessa última categoria, por exemplo, as despesas com pessoal,
que desabaram 56,7%, de R$ 381,279 milhões para R$ 164,923 milhões,
em função basicamente do programa de demissões voluntárias
realizado em 2017.
•    As despesas com material e serviços de terceiros baixaram 17,66%
na comparação com 2017, caindo de R$ 487,809 milhões para R$ 401,669
milhões. No total, despesas operacionais e custos do serviçoavançaram
apenas 4,3% (de R$ 4,649 bilhões para R$ 4,846 bilhões).
•    O resultado foi favorecido ainda pela redução de 27,9% nas despesas
financeiras líquidas (quer dizer, descontadas as receitas financeiras), de
R$ 261,381 milhões para R$ 188,578 milhões.
•    No cálculo do lucro líquido, o diferimento (adiamento) de quase R$
1,30 bilhão de IR e CSLL ajudou a turbinar o resultado. Antes dos impostos,
a distribuidora registrou lucro de R$ 390,538 milhões (mas tinha anotado
prejuízo de R$ 8,370 milhões em 2017).
•    A geração operacional de caixa (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou
112,4%, de R$ 429,437 milhões para R$ 912,167 milhões, significando 19,2%
sobre a receita líquida (9,77% um ano antes).
•    O incremento nas vendas de energia para clientes no mercado
livre (mais 15,6%) respondeu por 86,6% do aumento anotado pelo
total de energia vendida.”