Para se viabilizar como candidato a prefeito de Goiânia em 2020, o senador Vanderlan Cardoso (PP) adotou a estratégia de se apresentar como uma espécie de Iris Rezende (MDB) evoluído, mais moço e moderno. A visita ao gabinete do emedebista, poucos dias atrás, e o impulsionamento do vídeo da audiência nos Instagram faz parte deste delicado movimento. Até nos trejeitos com a mão Vanderlan copia o decano. O erro fundamental que o senador está prestes a cometer é copiar Iris também nos defeitos. Um deles e abandonar mandatos pela metade.
Depois de muito bater na trave, o ex-prefeito de Senador Canedo enfim elegeu-se para um cargo importante em 2018, o de senador. São oito anos de mandato na Câmara Baixa do Congresso Nacional, dos quais Vanderlan terá cumprido somente um e meio caso confirme a sua pretensão de concorrer à prefeitura da Capital – contra Iris, diga-se de passagem. Pelo mesmo pecado de abandonar mandatos pela metade Iris foi severamente punido pelas urnas várias vezes. A primeira delas foi em 1998. A última, em 2014.
Em 1998, Iris tentava conquistar o seu terceiro mandato como governador. Havia abandonado o cargo de senador para ser ministro da Justiça (maio de 97 a abril de 98) e planejava abandoná-lo de vez para voltar ao Palácio das Esmeraldas. Foi solenemente barrado pela vontade popular. Em 2014, desperdiçou o mandato de prefeito de Goiânia para, mais uma vez, saciar a ambição de ser governador. Perdeu.
Conhecer a história é a melhor forma para evitar que os mesmos erros se repitam. Vanderlan já deu um salto grande demais – maior até do que as pernas dele – ao sagrar-se senador. Ainda que ele dispute e ganhe a prefeitura, será desrespeitoso com os milhões que o elegeram no ano passado. Cedo ou tarde, a fatura será cobrada.