O Instituto Vladimir Herzog movimenta hoje (31) as redes sociais com a Vigília pela Democracia, para homenagear vítimas do período do regime militar no Brasil, que se iniciava há 56 anos, com a derrubada do então presidente João Goulart. A mobilização é organizada em parceria com o Movimento Vozes do Silêncio.
O ato teve início às 14h, com um tuitaço. As atividades programadas seguem até amanhã (1º).
Tradicionalmente, marca-se a data com a realização das Caminhadas do Silêncio e do Ato Unificado Ditadura Nunca Mais, em diversas capitais do país. Em decorrência da pandemia de covid-19, as marchas pelas ruas tiveram de ser substituídas, este ano.
Os organizadores marcaram outro tuitaço para as 21h. A organização disponibilizou do evento disponibilizou uma imagem, que pode ser baixada em download e utilizada por aqueles que quiserem aderir à causa.
Antes, no horário das 18h às 20h, também será transmitido, ao vivo, um web-seminário, na página oficial do Vozes do Silêncio e pelo perfil no Facebook, com mediação do jornalista Luis Nassif e da procuradora Eugênia Gonzaga.
Além das postagens no Twitter, as organizações prepararam a veiculação de podcasts e vídeos com depoimentos de pessoas que vivenciaram o período, que durou até 1985. Também serão exibidas entrevistas com especialistas que estudam o tema.
Em nota, o instituto afirma que o protesto é feito em memória de todas as vítimas do Estado. “Torturas, execuções sumárias, desaparecimentos forçados e tratamentos cruéis são uma face da moeda, mas não podemos esquecer das vítimas decorrentes da misoginia, da xenofobia, da perseguição contra a liberdade de expressão, da intolerância política oriunda de atos estatais; enfim, das diversas expressões do autoritarismo”, acrescenta.
Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, apresentado em 2014, dimensionou o impacto das ações do Estado na vida dos brasileiros com uma estimativa de que as violações de direitos constatadas entre os anos de 1964 a 1985 atingiram 50 mil pessoas. Para o levantamento, foram considerados presos, exilados, torturados e familiares que perderam algum parente nas ações promovidas pelo regime.
Em outubro de 1975, o jornaista Vladimir Herzog foi encontrado morto nas instalações do Destacamento de Operações de Informação (DOI/Codi) após ser preso por militares ao se apresentar espontaneamente. No dia anterior, ele havia sido procurado na sede da TV Cultura para prestar esclarecimentos. No entanto, a empresa pediu que o profissional não fosse levado naquele dia porque precisavam manter a programação. Na época, o órgão afirmou que o jornalista cometeu suicídio, versão contestada por sua família, que apontou sinais de tortura no corpo dele.