O jornalista Maurício Stycer, colunista do UOL, noticia que os principais telejornais da Globo têm ignorado a oposição ao tratar da crise política pela qual atravessa o governo Bolsonaro.
Nos cinco episódios da crise política que se desdobra, nem Fantástico nem Jornal Nacional ouviu nenhum dos quatro principais líderes da oposição. Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi ouvido em três destas ocasiões e o ex-presidente José Sarney em uma.
Stycer lista os fatos importantes: o pedido de demissão de Sergio Moro (24 de abril), a ida de Bolsonaro a um ato pró- golpe (19 de abril), a demissão de Luiz Henrique Mandetta (16 de abril), o pronunciamento do presidente pedindo o fim do isolamento social e atacando a mídia (24 e 25 de março) e a fala do deputado Eduardo Bolsonaro sobre um “novo AI-5” (31 de outubro do ano passado).
“O PT foi representado nestas reportagens com repercussão da crise política pelos governadores Camilo Santana, do Ceará (três vezes), e Wellington Dias, do Piauí (uma vez). O PDT foi ouvido pela voz do presidente do partido, Carlos Lupi, uma vez”, denuncia Stycer. “A Globo deve considerar que está dando voz aos principais campos políticos ouvindo os governadores de Estado, mas nem sempre eles são as vozes mais representativas de seus partidos, como no caso do PT”, avalia o jornalista.
“Diferentes entidades foram ouvidas pela Globo nestas reportagens. Apenas uma, a Ordem dos Advogados do Brasil, presidida por Felipe Santa Cruz, foi ouvida nas cinco ocasiões”, observa o colunista. “O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), é voz frequente no JN, assim como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e também os governadores João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ), Eduardo Leite (PSDB-RS) e Romeu Zema (Novo-MG)”.
Stycer diz que parlamentares do PT, que hoje tem a maior bancada na Câmara, não foram ouvidos em nenhuma destas cinco reportagens. O deputado Alessandro Molon (PSB) e a senadora Simone Tebet (MDB), com duas participações cada, são as figuras mais recorrentes nestas repercussões no Congresso. “Perguntei à Globo se ela gostaria de comentar o tratamento diferenciado dado a FHC e Lula, entre outros políticos, mas a emissora não se manifestou”, aponta.