Segundo um estudo feito por pesquisadores da USP, a flexibilização das medidas de isolamento no estado de São Paulo pode aumentar até três vezes o número de mortos por Covid-19 nos próximos 30 dias. A informação é da CNN Brasil.
A 11ª edição do boletim “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”, elaborada por acadêmicos da USP e CEPESP/FGV (Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público da Fundação Getúlio Vargas), analisou as medidas de flexibilização do distanciamento em Goiás para as projeções em São Paulo.
Para a pesquisa, foi utilizado o número de certidões de óbito emitidas com causa declarada de morte por SRAG (síndrome respiratória aguda grave), além do número oficial de óbitos diários por Covid-19 relatado pelas secretarias estaduais de saúde de Goiás e de São Paulo.
De acordo com a pesquisa, a flexibilização gerou aumento de 274% no número de mortos em Goiás. O estado, que estava conseguindo conter a pandemia com as medidas de isolamento, registrou 342% mais mortes em maio em relação a abril. “Caso Goiás tivesse mantido as medidas de distanciamento social nos níveis pré-flexibilização, deflagrada em 19 de abril, o número de vidas perdidas teria sido 63,5% menor”, estima o texto.
Com a análise da evolução dos casos em Goiás, os pesquisadores criaram dois cenários em São Paulo: um com a flexibilização e outro com a manutenção das medidas de distanciamento estabelecidas em maio.
No cenário em que as medidas continuam restritivas até o dia 8 de julho, São Paulo contabilizaria mais 5.514 mortes — chegando ao total de 14.632.
No segundo cenário, com a reabertura em vigor, o estudo estima 15.798 novas mortes até 8 de julho — o que elevaria o total a 24.986.
Na conclusão, os pesquisadores ressaltam as diferenças de população e estrutura econômica entre Goiás e São Paulo, mas que, com o aumento de mortes pela doença causada pelo novo coronavírus refletido na decisão de afrouxar as medidas de distanciamento social, “Goiás traz um alerta importante para São Paulo”.