Veja abaixo texto do jornalista Nilson Gomes, publicado no Jornal Opção, em homenagem ao empresário Antônio Almeida, que morreu na sexta-feira (21):
Antônio Almeida, na literatura, significa livro de papel
Antônio Almeida era gráfico, como os irmãos. Simples, humilde e empreendedor. A família montou uma gráfica, a Pirâmide, e desandou a fazer livros. Pra quem quisesse. O autor tivesse dinheiro ou não. Como escritor nunca tem, Antônio parcelava, ajudava a lançar e a vender, colocava como público parentes e amigos do indigitado. Enfim, esvaziou gavetas e HDs. Seu lugar no Céu está garantido. “Seja bem-vindo, Antônio dos Livros”, teria sido a saudação de Deus se o Altíssimo fosse dado a redundâncias, já que Antônio e Livro são sinônimos — não e-book ou áudio: livro de papel. Aliás, Antônio da Kelps, a editora após ser rebatizada.
A ascensão de Antônio até chegar a vice-presidente da Federação das Indústrias se deu unicamente por trabalho e articulação, sem deixar de humilde e simples, com a cara de menino chorão dos velhos tempos das impressoras que mutilaram-lhes as mãos, ambas calosas de acariciar páginas.
Tentou ser imortal da Academia Goiana de Letras, mas não precisava: alguém que faz o tanto de livros que ele produziu não tem nem o direito de morrer. A imortalidade de Antônio está garantida não por uma cadeira, mas por um trono: é o rei da prosa e do verso.
Se não fossem os protocolos da Covid-19, Antônio deveria ser sepultado numa das grandes pirâmides do Egito — nenhum faraó mereceu mais que ele passar a eternidade numa atração turística.
Antônio da Kelps morreu na sexta-feira, 21, de Covid-19. Ele estava se tratando de câncer há algum tempo.