A longa entrevista do subchete de Assuntos Federativos da Presidência da República, o goiano Olavo Noleto, ao Jornal Opção, neste domingo, é monótona e pautada pela repetição dos chavões petistas que tentam justificar o fiasco da presidente Dilma Rousseff com desculpas esfarrapadas como a “crise internacional” e muitos ataques ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
A entrevista tem um ponto alto, jornalisticamente falando – e ruim para Noleto. É quando ele perde o equilíbrio e começa a chamar o coronel Pacheco, da reserva da PM goiana, de “canalha”. O militar, um dia antes das manifestações do dia 15 de março, postou um vídeo nas redes sociais conclamando os seus colegas de todo o país a pegar em armas para combater os “guerrilheiros” do PT, da presidente Dilma e do ex-presidente Lula.
“É um canalha atentando contra a democracia”, ataca o assessor palaciano petista, complementando: “Esse coronel tem de saber o seguinte: um sujeito que se atreve a convocar alguém para pegar em armas é inimigo do povo brasileiro. É nosso inimigo, inimigo do Estado brasileiro, é inimigo dos democratas de todas as raízes ideológicas”.
Mas aí Olavo Noleto leva um susto. Um dos entrevistadores do Jornal Opção, Cézar Santos, corta os ataques ao coronel com uma pergunta arrasadora: “Concordo com o sr., mas, quando o ex-presidente Lula chama João Pedro Stédile para pegar o exército do MST e ir para a rua, isso também não é uma canalhice?”, indaga Cézar Santos.
Foi um soco na cara. Na resposta, Noleto balança e gagueja: “O MST, que é um movimento radical de esquerda, jamais fez o que esse coronel fez. Nem perto. Não se compara. Lula chamar militantes ideológicos para tomar as ruas não pode ser algo comparado a um coronel convocar seus colegas para um golpe militar”. Ou seja: nada com nada. A pergunta era irrespondível.
Mas Cézar Alves não aceita a tentativa de resposta e insiste: “Institucionalmente, é papel de um ex-presidente da República chamar para ir para a rua brigar?”. Noleto volta a responder com desculpas esfarrapadas. Um vexame.
Foi uma derrapada e tanto. E um gol de placa do jornalismo do Jornal Opção.