Em uma avaliação publicada na sua prestigiada coluna Imprensa, o editor–chefe do Jornal Opção, Euler Belém, fala sobre a demissão de quatro jornalistas da redação de O Popular na última quinta-feira de Páscoa.
O motivo das demissões, segundo Euler Belém: “Avaliando que o jornal está ficando para trás, em termos de audiência e prestígio, a cúpula do Grupo Jaime Câmara planeja reformular o jornal — tornando-o mais forte regionalmente, mas buscando se tornar, o que nunca foi, um jornal nacional, o que é possível com a internet. A cúpula do jornal pretende trabalhar com uma equipe mais compacta, porém com maior produtividade ”.
Mas as demissões, continua o analista, não vão resolver os problemas de O Popular, que está com a circulação estagnada, faturamento em queda vertiginosa e falta de foco editorial. “Um dos problemas de O Popular é que seus diretores e editores parecem não ter entendido o impacto da internet no jornalismo. O jornal chega ‘velho’ às mãos de seus leitores já de manhã. A sensação mais frequente, ao se ler O Popular, mesmo às 6h30, é que suas notícias foram todas, ou quase todas, lidas na internet ou vistas nos telejornais no dia anterior. O jornalismo puramente declaratório, que não explica-analisa os fatos para os leitores, morre minutos depois de ‘nascer. O O Popular é assim: está ‘nascendo’ morto”, escreve.
Conclui Euler Belém: “Não basta demitir equipes que se tornaram supostamente ‘velhas’ e incapazes de se renovarem. É preciso investir em mudanças reais no jornalismo, adaptando-o aos tempos rápidos da internet, e incorporando uma pitada mais analítica dos fatos”.