O assunto que dominou a sessão plenária da Câmara Municipal nesta quarta-feira foi o apequenamento do poder Legislativo. Os vereadores reclamaram que estão sendo tratados como crianças pelo prefeito Paulo Garcia (PT) e que, na rua, a população os respeita cada vez menos.
Acertaram no diagnóstico, mas fecharam os olhos para a causa do enfraquecimento do poder que representam. A razão para a vertiginosa perda de credibilidade da Câmara Municipal de Goiânia é o comportamento venal dos próprios vereadores.
Há de se respeitar políticos que aprovam uma reforma administrativa imposta pelo prefeito sem sequer questionar a existência de três secretarias extraordinárias, que custam caro e não servem para nada?
Há de se respeitar vereadores que não protestam contra a abertura de brechas escandalosas no Plano Diretor para construção de mil (!!!) apartamentos ao redor do Paço Municipal, cujas vendas engordarão os bolsos de uma empreiteira qualquer? Que vetam as emendas que eles próprios apresentaram ao Orçamento porque o prefeito mandou?
Há de se respeitar uma legislatura que ergueu uma parede de vidro para separar os vereadores das galerias reservadas ao povo, porque os protestos e reclamações começaram a se acumular alarmantemente?
Os senhores e senhoras têm razão: a Câmara, do ponto de vista moral, atrofiou.
Mas a julgar pela qualidade dos políticos que nos representam, ainda não chegamos ao fundo do poço.