A Comissão Especial de Inquérito (CEI) criada na Câmara de Vereadores de Goiânia para investigar fraudes na liberação de alvarás para construtoras mal começou a tomar depoimentos e já tem muita gente com a peruca em pé.
A Incorporadora Orca, por exemplo, deve muitas explicações ao goianiense.
Depois de juntar informações nas oitivas de servidores do Paço Municipal, os vereadores descobriram que a Orca pode ter lançado mão de um velho expediente para acelerar a tramitação de seus processos: a “contratação” de servidores públicos que trabalham nos órgãos responsáveis pela análise e aprovação de documentos.
Uma destas servidoras é Kellen Mendonça Santos, renomada arquiteta que, além que prestar serviço para a burocracia municipal, também já emprestou o seu talento a pelo menos sete edições da Casa Cor Goiás.
Kellen foi contratada para tocar um empreendimento da incorporadora, cujo sócio majoritário é o senador Wilder Morais (DEM). Antes, a documentação ficou parada por dois anos na Secretaria de Planejamento (Seplam) com a pasta praticamente vazia. Quando a ex-diretora assumiu o projeto, a juntada foi reunida em pouco mais de uma semana e aprovada em 72 dias.
Kellen assinou estudos arquitetônico e urbanístico para construção de três torres, com 480 apartamentos, na Avenida Olinda, no Setor Fazenda Gameleira, próximo ao Paço Municipal.
O então chefe da arquiteta, Douglas Branquinho, diz que não existe impedimento legal para que empreiteiras contratem funcionários da prefeitura para acelerar processos.
Douglas, no entanto, precisa admitir: pode não ser ilegal, mas é imoral.
A pergunta é: o então secretário Francisco Júnior, hoje deputado estadual, sabia dessa promiscuidade? E o ex-prefeito Iris Rezende?