Em 2012, a população de Goiânia não elegeu Paulo Garcia (PT) no primeiro turno porque ele era um bom candidato, mas porque todos – inclusive o próprio Paulo – eram muito ruins e estavam agredindo os ouvidos do eleitor com promessas vazias, discursos fáceis e arroubos populistas. O mesmo fenômeno pode acontecer agora, quatro anos depois.
De acordo com a última pesquisa Serpes/O Popular, divulgada no domingo, Iris chegou a 37,1% das intenções de voto e já vislumbra a possibilidade de liquidar a fatura já no primeiro turno. Isso quer dizer que Iris é um ótimo candidato? Não. Se fosse, não teria perdido uma eleição para senador e três para governador.
Isso quer dizer, provavelmente, que o goianiense perdeu a paciência com o falatório sem futuro dos oito candidatos a prefeito – alguns mais insuportáveis que os outros. E aí opta pelo que pode vencer a eleição já no primeiro turno, convencido de que não há possibilidade de o debate eleitoral melhorar em um novo turno.
É digno de nota o fraco desempenho nas pesquisas dos dois candidatos-delegados, que insistem em colocar a Segurança como pauta da campanha: Waldir Soares (PR) e Adriana Accorsi (PT). Adriana e Waldir desidratam à medida que o eleitor se informa sobre as reais atribuições da prefeitura no combate à criminalidade e descobre que o papo de criar uma polícia municipal era furado. Até aqui, quem herdou os votos da dupla é Iris, por ser o nome mais conhecido.
A eleição deste ano em Goiânia mostra, acima de tudo, que os políticos não aprenderam a se comunicar com a população depois dos tsunamis que resultaram na nova prisão de José Dirceu, no indiciamento do ex-presidente Lula, no afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e no impeachment de Dilma Rousseff. Nossos políticos usam a mesma linguagem de antes, como se o mundo continuasse o mesmo de 1982.
Taí mais uma razão que explica o favoritismo de Iris: em 1982, Iris era unanimidade. Tal como naquela época, corre o risco de ser eleito dessa vez falando em mutirões. Não por mérito próprio, mas por demérito dos seus adversários. Quem perde é Goiânia.