O jornalista e comentarista político Afonso Lopes dedicou a coluna Conexão, que assina semanalmente no Jornal Opção. para abordar o período de sete dias em quem o presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti (PSDB), foi governador interino de Goiás. Lopes escreveu que o ritmo frenético de Vitti causou surpresa inclusive a inúmeros setores do PSDB, que não conheciam a desenvoltura com a qual ele desempenha seu papel político.
Para o jornalista, Vitti encarna a renovação dos tucanos em Goiás e a sua consolidação política é uma “ótima notícia” para o PSDB. “Empresário bem sucedido, ele gosta de tecnologia, inovação e planejamento, que são características que o partido, através dos governos Marconi, impregnou no Estado, inclusive como contraponto aos governos do PMDB. Esse é o aspecto que faz da ascensão de Vitti internamente um bem danado para o ninho tucano”, observou.
Lopes avalia que, ao escapar naturalmente da fragilidade da acomodação política e administrativa, que muitas vezes amplia a área de conforto, o presidente da Assembleia tornou-se um interlocutor sintonizado com o comando de Marconi Perillo, “principal elã de toda a base aliada estadual.” Com a interinidade no Palácio das Esmeraldas durante viagem do governador aos países do Cone Sul, e licença do vice-governador José Eliton, as lideranças de toda a base aliada também passaram a conhecer Vitti, que vai se credenciando a voos cada vez mais altos.
Em seu comentário, Lopes indaga: “Mas qual é o objetivo imediato de Vitti ao agir da forma como vem agindo?” Em seguida, responde:” Nada demais, ao contrário do que algumas lideranças chegaram a enxergar. Ele não quer e não vai se oferecer à base aliada como candidato ao governo em 2018. Sua meta é somente tentar a reeleição. O presidente da Assembleia, sempre que o assunto é colocado diretamente ou insinuado, é bastante claro em relação à sucessão de Marconi. Ele apóia declaradamente a candidatura do vice-governador José Eliton.”
De acordo com o jornalista, posições firmes e peremptórias compõem exatamente o perfil político do presidente da Assembleia. Ele anota que no biênio 2015/2016, quando Vitti exerceu a liderança do governo, que era uma tarefa espinhosa pela fase que o Palácio das Esmeraldas vivia ao promover profundos cortes e ajustes na máquina administrativa, o então líder despontou ao demonstrar bastante habilidade, atravessando o período sem criar arestas, inclusive com os deputados e deputadas da oposição. “No lugar do rolo compressor governista que geralmente se vê nos Legislativos, Vitti jogou com a liderança, permitindo assim a convivência, embora em campos opostos, entre governistas e oposicionistas.”
Lopes evidencia também a discrição de Vitti quando assumia a presidência da Assembleia.”Mesmo na semana da posse, ninguém tinha a menor noção de como ele montaria a estrutura administrativa da Assembleia. Ele próprio ainda hoje não diz porque agiu dessa forma, mas pessoas próximas a ele comentam que foi uma forma de respeitar o ex-presidente Hélio de Souza. Qualquer vazamento sobre novos diretores ou mudança na estrutura organizacional fatalmente causaria o esvaziamento daquela administração”, salientou para concluii: “É este o seu estilo político de José Vitti.”
O analista pollíico argumenta que o conjunto de qualidades de Vitti começa a gerar no PSDB a possibilidade de iniciar um trabalho estrutural para a sucessão de 2020 em Goiânia e o nome dos tucanos para o Paço Municipal seria o do presidente da Assembleia . “A última vez que um tucano disputou a prefeitura da capital foi em 2000, com a então deputada federal Lúcia Vânia, hoje senadora do PSB. “É um caminho ainda bastante longo e cheio de armadilhas. Passa necessariamente pela reeleição do deputado no ano que vem. Se José Eliton também conseguir êxito na disputa pelo governo estadual, o cenário estará claramente montado para prosseguir rumo à eleição de prefeito.”
Na visão de Lopes, com o crescimento de Vitti, a base aliada de Marconi Perillo não apenas mira a eleição do ano que vem, como também já inicia os primeiros movimentos internos visando a sucessão do prefeito Iris Rezende. Enquanto isso, finaliza, na outra, os opositores não sabem nem ao menos quem será o candidato ao governo em 2018. “É algo para se pensar”, conclui.
Leia a íntegra do texto do jornalista e analista político Afonso Lopes publicado na coluna Conxexão, no jornal Opção, clicando aqui.