Veja texto de Diene Batista, publicado no blog Poder Goiás: “Benefício do Governo de Goiás que concede viagens gratuitas a estudantes em ônibus do transporte coletivo, o Passe Livre Estudantil (PLE) está na mira do governador Ronaldo Caiado (DEM). A gestão estadual quer delimitar o alcance do projeto – que hoje beneficia 100 mil alunos, de acordo com os cálculos do próprio governo – no que está chamando de “revisão”. Hoje, são disponibilizadas 48 viagens mensais, para a ida e volta dos alunos das instituições de ensino.
Pela nova proposta, para obter o PLE, seria obrigatório estar inscrito em programas sociais, como o Bolsa Família, do Governo Federal, e o Renda Cidadã, do Governo Estadual. Outro critério a ser avaliado é a renda familiar, limitada a três salários-mínimos. Ou seja, não basta mais ser estudante.
Caiado desconsidera, assim, que os estudantes já cumprem requisitos para acessar o PLE, como ser beneficiário direito ou indireto de programa social voltado para erradicação da pobreza ou do Bolsa Universitária, não ter reprovação por nota ou frequência em mais de uma disciplina por semestre ou período letivo.
A “revisão” proposta não é exatamente uma novidade. Em janeiro, quando assumiu a Secretaria de Governo (Segov), o secretário Ernesto Roller (sem partido) chegou a falar em um “pente fino” nos cadastros. À época, uma nova leva de alunos estava se candidatando a fazer parte do programa. “Nós vamos cadastrar todas as pessoas, mas depois será feita a checagem de todas as inscrições, a fim de que seja beneficiado aquele que efetivamente precise”, declarou à época.
O discurso é oficial é de corte de gastos – uma obsessão de Caiado e de seus auxiliares – e de “justiça social”, sob o argumento de que o programa social chegaria somente aos que realmente precisam.
Na prática, a decisão revela um governo pouco sintonizado com a população pobre. Ao limitar a participação na iniciativa, Caiado complica a vida de milhares de estudantes que veem no benefício uma oportunidade de desapertar o orçamento familiar – já comprometido com outras demandas – e ainda mais apertado com reajuste como o da própria passagem de ônibus, que já passa a valer nesta sexta-feira, 19. Sem falar que, no caso de universitários, muitos sequer conseguem ingressar no mercado de trabalho durante a graduação devido à dedicação exigida. Certamente, outros setores da gestão têm mais gordura para cortar.
Além da revisão, beneficiários seguem enfrentando um problema que era comum nas gestões de Marconi Perillo (PSDB) e José Eliton (PSDB): os atrasos na liberação do crédito para as viagens de ônibus. Se acompanhasse de perto esta realidade, Caiado saberia o papel do Passe Livre Estudantil para milhares de estudantes goianos.
Desconectado das camadas populares, o governador corre o risco de inviabilizar a jornada de jovens e adolescentes que escolheram trilhar o caminho da educação em busca de um futuro melhor.”
