Veja texto de Diene Batista, do site Poder Goiás: “Quem aproveitou o feriado da Semana Santa para ir a Pirenópolis, um dos pontos turísticos tradicionais do Estado, deparou-se com uma inusitada placa na rodovia que dá acesso a cidade. Não se tratava de informação útil ao motorista sobre as condições da pista ou alertando sobre obras, mas um desabafo do governo pela atual situação financeira do Estado.
“O governo de Goiás pede desculpas aos motoristas e passageiros. Recebemos o Estado quebrado e as estradas esburacadas. Vamos reconstruir Goiás”, é a mensagem na placa assinada pela Goinfra (ex-Agetop), a agência de infraestrutura comandada por Ênio Caiado, primo do governador Ronaldo Caiado (DEM).
Aos olhos de qualquer motorista, a única informação contida naquela placa é que o governo Caiado tem sérias dificuldades – e não apenas a herança ruim. O primeiro é o palanque eleitoral que levou Caiado a realizar o sonho de chegar ao Palácio das Esmeraldas. Sem um planejamento claro e medidas concretas, Caiado toca a gestão com arroubos de populismo e prefere sustentar até o limite o discurso de campanha.
Não cabe o uso de propaganda oficial, qualquer que seja, para promoção pessoal de qualquer gestor de plantão, personalismo que Caiado teima em adotar em qualquer agenda (leia mais aqui). Também não comporta publicidade oficial para confronto político com adversários. Do ponto de vista jurídico, a placa da Go Infra é um despropósito.
Dificuldades
Todos os candidatos sabiam das dificuldades da gestão em Goiás, sobretudo pelo enorme descompasso entre receitas e despesas. Ninguém foi pego de surpresa sobre o rombo nas maquiadas contas do Estado. Aliás, foram os problemas dos últimos anos de gestão do PSDB que projetaram Caiado – a venda da Celg, em que o então senador se opôs frontalmente, é o maior exemplo.
A vitória de Ronaldo Caiado no primeiro turno com o quase banimento dos tucanos foi uma demonstração de que a população, mesmo com certa demora, percebeu o esgotamento do modelo de administração implantado pelo ex-governador Marconi Perillo.
Ao eleger Caiado no primeiro turno com votação extraordinária (superada apenas por Iris Rezende, em 1982), os goianos fortaleceram o líder do DEM na exata medida das dificuldades que ele passaria a enfrentar. Não cabe, portanto, lamentar eternamente os problemas herdados sem apontar o caminho para solucioná-los.
Por fim, o cidadão que passa por uma rodovia esburacada certamente deve ter a consciência e não pode esquecer quem promoveu tamanho descaso. Porém, ao manter o pagamento de seus impostos, como IPVA cuja cobrança está em pleno andamento, o mesmo cidadão almeja respostas e não apenas um muro (ou placa) de lamentações. “