Além de acelerar os trabalhos e quebrar o prazo de cinco sessões entre as votações em primeiro e segundo turno, os debates foram marcados por acusações da oposição de que o governo conseguiu votar a matéria apenas depois de enviar ao Congresso projeto com recursos de cerca de R$ 3 bilhões para liberação de emendas parlamentares que teriam sido prometidas em troca de votos favoráveis.
Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o segundo turno da reforma só foi aprovado por conta da liberação desse dinheiro. “Ouvimos deputados aqui confessar o recebimento de recursos de emendas para votar essa PEC. Isso é imoral! O deputado que faz isso está entregando o que não lhe pertence, que é a Previdência da população. Quem faz isso está falindo o Brasil, porque os recursos das aposentadorias movimentam a economia dos munícipios”, protestou.
Segundo o deputado Henrique Fontana (PT-RS), a reforma é injusta e vai apenas aprofundar a desigualdade social e prejudicar a economia brasileira. “(A reforma) não vai gerar empregos, vai precarizar o direito à aposentadoria de pessoas que trabalharam até os 50, 60 anos, e ainda vai reduzir as aposentadorias de quem ganharia R$ 1.200, R$ 1.500 e R$ 2 mil, e que terão com essa reforma cortes de R$ 300, R$ 400 e R$ 600. Isso é injusto! ”, observou.
“Uma emenda parlamentar acaba rapidamente, mas a desgraça na vida dos trabalhadores fica, a desgraça na vida das viúvas fica. Como é que nós podemos defender uma proposta em que as viúvas perdem mais de 40% daquilo a que teriam direito?”, questionou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
Para o deputado Marcelo Nilo (PSB-BA), essa situação “é o toma lá, dá cá mais vergonhoso da história do Brasil”.
Agora, os deputados votarão os destaques, que no segundo turno não podem acrescentar, apenas retirar pontos do texto. Só a oposição apresentou propostas de mudanças, com o objetivo de retirar maldades que prejudicam a classe trabalhadora.