Em entrevista ao programa O Mundo em sua Casa nesta segunda-feira, 28, o secretário de Estado da Saúde (SES), Ismael Alexandrino, afirmou que a questão do retorno às aulas presenciais nas escolas goianas deve ser avaliada “com extrema cautela”. Ponderou também que a Pasta não tem deixado de dialogar, nem internamente e nem no Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), sobre o tema. Isso porque se trata de uma população específica.
O comentário do secretário se refere ao posicionamento da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), por meio da vice-presidente da entidade, Ana Márcia Guimaães, de que o momento é seguro para a volta às aulas. Na conversa com os apresentadores das rádios Brasil Central AM e RBC FM, o titular da SES admitiu que as crianças não têm tanta vulnerabilidade, tanto em relação ao contágio quanto ao desenvolvimento da forma grave da Covid-19. No entanto, a preocupação é epidemiológica.
“Ou seja, temos que considerar a população de crianças dentro da população como um todo”, argumentou. Ismael acrescentou que, tanto o pessoal da epidemiologia quanto da infectologia considera (o tema) com grande preocupação, porque as crianças são consideradas vetores da Covid-19, transmitem o vírus, carregam para dentro de casa e para outras crianças. “É nesse contexto que estamos ponderando”, afirmou.
Discussão
O secretário de Estado de Saúde admitiu que não está descartada essa discussão, apontada por ele como “bastante calorosa, profunda”. E declarou: “Nós consideramos a opinião da SGP, queremos ouvir sugestões em relação a como seria essa volta”. Observou que, certamente, não seria uma volta (às aulas presenciais) como um todo, mas seria necessário decidir quais os grupos de crianças, quais idades, a metodologia.
“Enfim, a pandemia é algo que nós temos, cada dia, discutido e aprendido com ela; e para isso nós somos sensíveis a todos os grupos, às opiniões de quem quer de fato contribuir”, disse. Ismael voltou a salientar que é preciso promover o retorno das aulas com “extrema cautela”.
Descontrole
Ele considerou “verdadeiro e fidedigno” tudo que o que foi ponderado pela representante da Sociedade Goiana de Pediatria, a respeito da necessidade que as crianças têm de manter contato com outras crianças. Entretanto, se houver “um descontrole, uma debandada da doença, nem isso vai fazer sentido, porque as pessoas vão morrer”, alertou.
Questionado se não era contraditório o fato de cinemas e shoppings serem autorizados a funcionar e as escolas não, o secretário foi enfático ao dizer que sempre viu a reabertura dos cinemas “com preocupação, porque é um ambiente confinado”.
Em relação ao comércio, observou que há uma grande diferença em relação às escolas. Primeiro, citou, porque as pessoas só vão ao comércio se quiserem, os protocolos determinam o distanciamento (nas lojas), e é possível escolher o horário para ir. Já a escola, uma vez que esteja aberta, tem um regramento, uma unidade de comportamento.
Exemplos
“Repito: nós não estamos refutando, em absoluto, essa discussão. Pelo contrário, ela precisa existir”, destacou. Mas apontou como motivos da posição cautelosa os exemplos do que está ocorrendo hoje no Estado do Amazonas, onde após a liberação das atividades o número de casos de mortes por Covid-19 cresceu significativamente; e na cidade de Madri, na Espanha, que está entrando em lockdown novamente.
“É obvio que queremos voltar à normalidade das atividades, mas uma vez que voltemos, o ideal é que não fechemos novamente”, destacou. Ele acrescentou que finalmente, na última semana, Goiás começa a registrar sinais de queda no avanço da pandemia.