Há inegáveis pontos comuns entre Daniel Vilela e Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, personagem de Mário de Andrade: ambos subiram na vida pisando, e pisoteando, nos ombros dos parentes mais próximos, os dois querem poder e glória apenas para se lambuzarem da máquina pública, e pelo poder são capazes de trair suas convicções, outrora inextricáveis.
No livro, Macunaíma passa a vida traindo a todos para se dar bem. Na vida real Daniel Vilela foi capaz de trair seus amigos, seus conhecidos e até a memória de Maguito Vilela, seu pai, que na última campanha eleitoral que disputou antes de morrer, foi perseguido e atacado ferozmente pelo atual governador Ronaldo Caiado. Em um de seus últimos discursos Maguito disse: “apontem uma obra de Caiado em Goiás, e eu vou apoiar ele”. Após a morte de Maguito, Daniel se lançou freneticamente nos braços de Caiado. Tudo por um pouquinho de poder.
Na literatura, Macunaíma disfarça-se de francesa para seduzir o gigante Piaimã. Na vida real Daniel Vilela, em um projeto unicamente pessoal e egoísta, não apenas “vestiu-se de francesa” para o “gigante”, como também passou a ser “cabo de chicote”, no fetiche de Caiado, e saiu vociferando calúnias e difamações contra pessoas que se colocaram do lado adversário da batalha eleitoral, porque não concordam com a atual administração.
Daniel esqueceu de uma grande verdade da vida: ter posse do poder não é o mesmo que ser o poder. Caiado vai passar. E depois, senhor Daniel Vilela, como será?
No obra de Mário de Andrade, após ser perseguido pelo Minhocão “Oibê”, Macunaíma o transforma num cachorro-do-mato e segue viagem. O Oibê também vai correr atrás de você, Daniel. Ou já está correndo? Quantos antigos aliados hoje te detestam? Adib Elias? Renato de Castro? Paulo do Vale? Fausto Mariano? Como é sua relação com Ernesto Roller? E Gustavo Mendanha, com qual punhal você tentará destruir a carreira dele?
Daniel Vilela, Caiado vai passar, e quando esse momento chegar será tarde demais para, feito Macunaíma que virou cachorro no livro, o senhor enfiar o rabo entre as pernas e pedir espaço político para alguém. Ninguém terá dó de sua calamidade.Cristiano Silva
G24h